Os pequenos empreendimentos e o desenvolvimento (2)
Economia

Os pequenos empreendimentos e o desenvolvimento (2)


Ricardo Lacerda*

Como foi visto na primeira parte do artigo, em 2008, a economia sergipana contava com 18.326 estabelecimentos formais com até dezenove pessoas ocupadas, excluídos aqueles pertencentes à administração pública, correspondendo a 91,9% do total de estabelecimentos privados. Esses estabelecimentos de menor porte empregavam, naquele ano, 66.959 pessoas, representando 32,4% do total.

Os estabelecimentos com até dezenove empregados tinham presença importante em todos os segmentos de atividade econômica. Eles representavam 97,1% das empresas agropecuárias formalizadas, 95,1% do comércio, 90,4% dos serviços, 83,7% da indústria de transformação e 82,3% na construção civil. Apenas no setor extrativo mineral e nos serviços industriais de utilidades públicas, que contam com um número relativamente reduzido de estabelecimentos, os empreendimentos de menor porte respondiam por menos de 80% do total de unidades produtivas.

Atividades

As atividades que concentravam os contingentes mais expressivos de estabelecimentos nessa faixa de tamanho, em 2008, eram, por ordem, o comércio, o segmento de serviços, a agropecuária e a construção civil. A atividade do comércio congregava, em 2008, 7.574 estabelecimentos dessa faixa de tamanho, correspondente a 41,3% do total. O setor serviços, contava com 6.186, a agropecuária, 2.170, a indústria de transformação, 1.378, e a construção civil, 962. Com exceção do setor de serviços industriais de utilidades públicas, todos os demais tiveram incremento significativo, entre 2000 e 2008, do número desses estabelecimentos.

Na indústria de transformação, os estabelecimentos de menor porte se distribuem por todos os setores, mas a sua presença é especialmente forte nas indústrias de alimentos e bebidas, têxtil e confecção, minerais não metálicos, nas gráficas, metalúrgicas, madeiras e moveis e na indústria química. No setor terciário, além do comércio varejista, estão presentes com grande destaque nas atividades de alojamento e comunicação, atividades administrativas e profissionais, e nos serviços de médicos, odontológicos e veterinários, que já somavam, em 2008, o número de 975 estabelecimentos formais com até dezenove empregados. (Ver a lista completa no quadro abaixo).














Tamanho médio

É curioso observar que a participação desses empreendimentos de menor porte no total do setor não mudou muito significativamente no período de 2000 a 2008, com a exceção do setor de serviços industriais de utilidade pública. Isso se verificou apesar do aumento expressivo no número de estabelecimentos. Essa constância sugere um certo coeficiente técnico entre empreendimentos de distintos portes, como se houvesse algum tipo de funcionalidade na distribuição do mercado entre eles que se altera lentamente no tempo.

Apesar disso, têm ocorrido mudanças de participação nas faixas internas que compõem esse grupo de empresas que apontam para o crescimento do tamanho médio dos estabelecimentos. Enquanto o número de empresas com até nove empregados cresceu 38% entre 2000 e 2008, o grupo de empreendimentos com dez a dezenove empregados aumentou 62%. Essa expansão mais intensa dos estabelecimentos desse segundo grupo se verificou em todos os segmentos mais expressivos da economia sergipana em termos de número de unidades produtivas, a exemplo da indústria da transformação, construção civil, comércio, serviços e agropecuária. (Ver gráfico). O agrupamento de empresas com 20 a 99 empregados também cresceu acima da média do período, o que indica uma estruturação mais forte do setor produtivo sergipano, 68%.













Gráfico. Sergipe. Taxa de crescimento do Número de Estabelecimentos por Tamanho. 2000 a 2008 (%)
Fonte: MTE-RAIS

Uma pesquisa mais apurada poderia identificar se o crescimento mais rápido do agrupamento entre 10 e 19 empregados e das empresas entre 20 e 99 empregados decorreu principalmente da implantação de novos estabelecimentos ou se tratou de aumento do número de empregados de estabelecimentos que na primeira medição pertenciam a faixa inferior, o que revelaria um processo de expansão muito interessante para a economia do Estado.

Publicado no Jornal da Cidade em 14 de abril de 2010.



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