Nessa série de doze meses, o emprego formal na indústria de transformação apresentou, em agosto, taxa de crescimento de 13,82%, quase o dobro da média brasileira, de 7,87%. Foi o terceiro mês subseqüente em que Sergipe registrou o melhor resultado do país. Cabe, então, examinar, quais setores, localidades e portes de empresas têm apresentado os melhores desempenhos.
Emprego setorial
Um primeiro dado que chama a atenção é que o crescimento do emprego industrial nos doze meses encerrados em agosto foi abrangente, verificando-se em todos subsetores de atividade da indústria de transformação. Cabe destacar, todavia, o desempenho de quatro segmentos: calçados, com a geração de 1.783 empregos formais; alimentos e bebidas, 755 empregos; têxtil-vestuário, 707 empregos e minerais não metálicos, que inclui a produção das fábricas de cimento e das cerâmicas, com 475 empregos.
Por diferentes motivos, o setor de calçados e a cadeia têxtil-confecção merecem uma menção especial. Sergipe vem se constituindo em um importante pólo calçadista, a partir da atração de empresas com sedes nas regiões Sul e Sudeste. O crescimento do emprego na cadeia têxtil-confecção carrega um significado especial para a economia sergipana. Afinal, a própria história da industrialização do Estado se confunde com a implantação da sua indústria têxtil, ainda no final do século XIX. Nos anos recentes, a agressividade da China no comércio internacional de produtos têxteis, ao lado da valorização do Real, impactou negativamente as atividades têxteis brasileiras, inclusive em nosso Estado. Desde janeiro de 2010, todavia, o emprego na cadeia têxtil-confecção sergipana tem apresentado recuperação, com a chegada de novos empreendimentos, além da ampliação das contratações nas empresas já instaladas.
Interiorização
Um aspecto importante do perfil da expansão industrial recente em Sergipe tem sido a implantação de indústrias no interior do Estado. Nos últimos 12 meses, dos 4.861 novos empregos industriais, 3.187 ou cerca de 2/3 foram gerados em empresas localizadas no interior do Estado, frente a 1.674 empregos (34%), na Grande Aracaju. (Ver gráfico 1).
Os municípios que mais criaram emprego industrial nesse período foram, além de Aracaju, Frei Paulo, Simão Dias, Nossa Senhora do Socorro, Lagarto, Itabaiana, Estância, Aparecida, Carmópolis, Salgado, Ribeirópolis e Carira, com mais de cem novos empregos industriais, cada um, nos últimos doze meses. Os municípios de Nossa Senhora da Glória, Rosário do Catete, Itabaianinha, Itaporanga D’ajuda, Riachuelo, Barra dos Coqueiros, São Cristovão e Capela também tiveram importante incremento do emprego industrial no período. Esse movimento da indústria em direção ao interior do Estado é um dos aspectos mais benéficos do crescimento recente da economia sergipana, pois concorre para a desconcentração produtiva no Estado e pode reforçar vocações produtivas locais.
Fonte: MTE-CAGED
Porte das Empresas
Parte expressiva dos novos empregos industriais no período analisado foi criada em estabelecimento com até 19 funcionários, classificados como microempreendimentos. As empresas desse porte geraram 1.717 empregos nos últimos doze meses, o que corresponde a 35% do saldo do emprego industrial no período. Mas a atração de novos empreendimentos nos segmentos já mencionados fez com que os agrupamentos de estabelecimentos de médio e grande portes também conhecessem uma expansão expressiva no emprego. As empresas com mais de 500 empregados, em sua quase totalidade no setor de calçados, criaram 1.409 novos postos de trabalho, 29% do total da indústria de transformação. E as empresas de médio porte, entre 100 e 499 empregados, criaram outros 1.240 empregos, 26% do total do setor industrial.
Fonte: MTE-CAGED
A expansão recente do emprego industrial de Sergipe, muito acima da média nacional, revela, sobretudo, o interesse de empresas em aumentar a presença no mercado de consumo da região Nordeste, que vem se expandindo a taxas significativamente mais elevadas do que a média brasileira. Parte expressiva desse crescimento é recuperação de postos perdidos durante o período mais agudo da crise financeira internacional, mas outra parte reflete o ciclo expansivo da economia brasileira.
Publicado no Jornal da Cidade em 03/10/2010