Entre 2000 e 2008, a área plantada com arroz em Sergipe, fortemente concentrada na região, teve um incremento de 14,8%, passando de 10.030 hectares para 11.510 hectares. O rendimento da cultura, nesse mesmo período, aumentou de 3.838 toneladas por hectare para 5.089 toneladas por hectare, incremento de 32,6%, o que significa que cerca de 2/3 do aumento da produção se deveu ao ganho de produtividade e 1/3 à ampliação da área.
Ainda que no ranking estadual a rizicultura apareça, em 2008, como a quinta cultura temporária em termos de área plantada e de valor da produção, atrás do milho, da mandioca, cana de açúcar e feijão, na região do Baixo São Francisco ela se constitui na principal atividade.
Valor de produção
Em 2008, o cultivo de arroz na região do Baixo São Francisco Sergipano alcançou o valor de produção de R$ 34,3 milhões, equivalente a 78,3% das culturas temporárias e a 42,1% do total da atividade agrícola da região. A segunda cultura em termos de geração de valor da produção, o coco-da-baia, somou R$ 15,8 milhões, menos da metade do resultado do cultivo do arroz. O plantio de banana, manga, mandioca, cana de açúcar e laranja são outras culturas importantes na região (Ver gráfico 1).
Fonte. IBGE. Pesquisa Agricola Municipal
Produtores
O número de estabelecimentos produtores de arroz de Sergipe não tem a mesma dimensão dos dedicados às culturas do milho, mandioca ou do feijão. O Censo Agropecuário de 2006 contou apenas 649 estabelecimentos voltados à produção de arroz, frente aos 31.412 estabelecimentos produtores de milho, 23.338 produtores de mandioca e 6.328 de feijão.
Os estabelecimentos dedicados à rizicultura, em sua quase totalidade, são de pequeno porte, com cerca de 95% deles não atingindo a extensão de 20 hectares de área total. Em sua ampla maioria, cerca de 2/3 dos estabelecimentos, contam com área entre 3 e 5 hectares. Os estabelecimentos entre 3 a 10 hectares respondiam por 82% do total e por 71% da produção naquele ano. ( Ver Gráfico 2)
Fonte. IBGE. Censo Agropecuário de 2006.
Segundo o Censo Agropecuário, a quase totalidade dos rizicultores é de proprietários dos seus estabelecimentos, com um número pouco expressivo de arrendatários e ocupantes. A produção de arroz é destinada principalmente ao mercado, com apenas 3% voltados ao autoconsumo familiar. Parcela expressiva da produção, 52%, é vendida diretamente à indústria e outros 45% a intermediários.
Esse breve e incompleto perfil da rizicultura sergipana, concentrada na região do Baixo São Francisco, mostra uma atividade agrícola desenvolvida em pequenas propriedades rurais, cujos indicadores de produção e rendimento agrícola têm evoluído satisfatoriamente. O valor de produção por hectare colhido, em 2008, era significativamente maior do que as culturas de sequeiro, como milho, feijão e mandioca, e mesmo acima do resultado da cana-de-açúcar e da citricultura.
Os dados apresentados pela Pesquisa Agrícola Municipal não autorizam perspectivas mais pessimistas sobre a viabilidade da cultura na região do Baixo São Francisco. Aguardemos os dados sobre os indicadores sociais do censo populacional de 2010 para comparar os rendimentos e qualidade de vida das pessoas dedicadas a essa atividade em relação às pessoas dedicadas a outras culturas. Isso não significa, todavia, que não seja desejável buscar uma diversificação da atividade agropecuária na região, com o incentivo à aqüicultura e a agregação de valor à produção agrícola. A aplicação de pesquisas específicas na região rizícola seria desejável, no intuito de avaliar as suas condições tecnológicas e de rentabilidade.
Publicado no Jornal da Cidade em 17 de outubro de 2010.