A geração de emprego em Sergipe na primeira década do novo século
Economia

A geração de emprego em Sergipe na primeira década do novo século


Ricardo Lacerda

Um dos aspectos mais notáveis da evolução recente da economia brasileira foi o descolamento entre a geração do emprego e o crescimento do PIB. Entre 2000 e 2010, o PIB brasileiro teve um incremento de 42%, enquanto o emprego formal aumentou 68%. O crescimento médio anual do PIB foi de 3,6%, o do emprego formal alcançou 5,3%.

Em Sergipe, como em outros estados do Nordeste, o emprego formal cresceu a taxas superiores à média brasileira. O emprego com carteira assinada em Sergipe passou de 206.054 para 369.579, ou seja, foram criados 163.525 empregos adicionais em 10 anos, incremento de 79% e média anual de 6,0%. É importante destacar que todos os dados citados dizem respeito à situação de dezembro de cada ano.

Setores

Em 2010, os setores de atividade com maior número de emprego formal em Sergipe eram a administração pública, com 118.554 pessoas, equivalentes a cerca de 1/3 do total (32,1%), o setor de serviços, com 100.189 vínculos empregatícios (27,1%), o comércio, com 56.221 (15,2%), e a indústria de transformação, 41.477 (11,2%).
O setor agropecuário contava com 13.730 empregos formais, apenas 3,7% do total, ainda que este segmento respondesse por 22% da população ocupada no Estado de Sergipe, com ou sem vínculo empregatício formal, posto que parte expressiva da força de trabalho rural desenvolve produção familiar ou mantém relação de trabalho informal.

A construção civil empregava 28.713 pessoas, 7,8% do total, e a indústria extrativa mineral, que inclui a exploração de petróleo e gás natural, 4.600 pessoas, diretamente, por que, certamente, parte expressiva das pessoas empregadas em segmentos de serviços e na construção civil também integra a cadeia de petróleo e gás.


Fonte: MTE-RAIS


Crescimento
Ainda que se situasse no topo de empregos formais, a administração pública perdeu a primazia na geração de empregos adicionais entre 2000 e 2010, o que é positivo por que mostra o amadurecimento do setor privado local. Dos 163.525 novos postos de trabalho criados, o setor serviços foi responsável por 47.469 novos empregos, ou 29% do incremento total, mais do a administração pública, em suas três esferas, que ampliou o número de vagas em 39.421, ou 24,1% do incremento total. Percebam nas duas últimas colunas da tabela 1 que a administração pública, apesar de ter registrado a menor taxa de crescimento do emprego, teve o crescimento não desprezível de 4,1% anuais. O comércio sergipano abriu 27.058 novas vagas.

Dois segmentos apresentaram crescimento espetacular do emprego, com taxa anual igual ou superior a 10%, a indústria extrativa mineral, que ampliou as vagas de 1.287, em 2000, para 4.600, 257% no período, ou 13,6% ao ano, e a construção civil, que ampliou o contingente empregado em 17.682 postos de trabalho, 160,3% no período, ou 10% ao ano. Não menos significativo foi o fato de o setor agropecuário ter criado 6.357 empregos formais no período, 6,4% ao ano, em grande parte por conta da implantação nos últimos anos de duas novas usinas de cana de açúcar.


Atividades
A tabela 2, a seguir, apresenta um maior detalhamento setorial dos empregos criados na economia sergipana entre 2000 e 2010. São muitas as informações. Algumas valem a pena serem destacadas, como os 5.205 empregos criados pelas indústrias de calçados, os 5.870 no segmento de alojamento e alimentação, que devem ser somados aos 1.217 empregos nos serviços auxiliares de transporte e agencia de viagens, que sugerem a ampliação do setor de turismo no Estado, os 3.452 novos empregos na indústria química, que inclui o segmento de etanol, e a ampliação de 2.534 empregos na extração de petróleo.
Fonte: MTE-RAIS

Os dados sobre a geração de emprego na primeira década do novo século revelam uma evolução positiva da economia sergipana que nem mesmo as turbulências da crise financeira internacional conseguiram empanar. Em 2011 e 2012, novos desafios estão postos, ainda em razão do desdobramento da crise.


Publicado no Jornal da Cidade em 22/05/2011


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