Jogo de sinais
Economia

Jogo de sinais


“Cidade abole sinais de trânsito para reduzir acidentes”. Manchete do site da BBC Brasil se referindo a uma cidade alemã onde estão se fazendo esse teste para ver como as pessoas reagem a essa mudança e tentar diminuir a número de acidentes de trânsito.

Os sinais de trânsito são feitos para serem vistos pelas pessoas e indicar-lhes o que fazer. Deve ser por isso que são chamados de sinais! (incrível) Mas seria razoável pensar em abolir esse tipo de sinalização visto que se nas ruas da cidade não tiver essas informações talvez tudo pode ir por água abaixo?

Esse caso me levou a pensar no laissez-faire, onde o governo não intervém na economia, deixando que os agentes atuem com liberdade. Esse tipo de teste está sendo feito em várias localidades a fim de tentar provar que os sinais de trânsito não são tão necessários como pensamos. Talvez nem pensamos nisso, simplesmente quando nascemos está lá a “sinaleira”, a placa de pare, não estacione, e aceitamos isso como um maná que caiu do céu, pois não sabemos que pode existir uma sociedade sem sinalização. Assim como nascemos num país em que tem governo, e que temos de aceitar esse tipo de situação, não se sabendo como seria se tudo fosse diferente.

Pode então essa cidade melhorar seu tráfego sem qualquer tipo de impedimento, apenas o impedimento moral de atropelar um pedestre, de andar em alta velocidade no centro da cidade, etc? Às vezes o “custo moral” pode ser muito alto. Você evita fazer algo por saber que aquilo não é certo, e se você pensa assim vai agir dessa forma sem ter algum tipo de sinal te indicando o que fazer.

Chegando no papel do governo, creio que uma sociedade sem governo não pode prosperar, mas talvez uma redução na sinalização, leia-se restrição, pode ajudar a diminuir o poder soberano do Estado, fazendo com que a liberdade das pessoas possa entrar em jogo com um papel fundamental na solidificação cultural dessa sociedade. Até mesmo nos países mais liberais, temos exemplos de intervenções estritamente necessárias, então sabemos que um certo nível de intervenção pode ser bom. Mas como (quase) tudo em excesso é ruim, deve-se controlar o papel do Estado como se controlam os sinais de trânsito em Bohmte.

Claro, que isso supondo racionalidade por parte dos agentes. Com uma base cultural sólida as pessoas tendem a agir corretamente, fazendo com que o custo moral de fazer algo errado nessa sociedade seja relativamente alto. Mas vendo que aqui no Brasil esse custo moral é baixíssimo, é melhor termos algo nos guiando, para sermos forçados a agir como deveríamos. O laissez-faire nunca funcionou pro nosso caso e nem vai, talvez a idéia do estado mínimo esteja longe de ser concretizada aqui, porque se dentre os mais de 180 milhões de habitantes, o detentor do custo moral mais baixo é o Poderoso Chefão, então não podemos exigir demais dos outros que estão nas mãos desse sujeito.




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