Agora estamos aqui nessa nova empreitada, fazendo com que ditados populares passem a serem vistos pela ótica econômica. Escolhi esse não tão clichê como “Antes tarde do que nunca”, mas que também tem seu uso amplamente difundido. Talvez ele se assemelhe à primeira vista com a chamada Lei de Murphy, em que a fila do lado anda sempre mais rápido, ou então que nada é tão ruim que não possa piorar.
Desde os tempos mais primórdios as trocas existes na sociedade humana. Trocava-se um pedaço de pedra afiado por uma coxa de javali, mas trocava-se. Talvez nem exista escrita, fala ou muitas das coisas que são indiscutivelmente necessárias à nossa vida hoje, que no passado não se tinha. Isso, para vermos que as trocas servem para modular algumas sociedades mesmo em tempos muito, muito distantes. Modelar no sentido de eficiência, uma sociedade de trocas, ceteris paribus, é mais eficiente economicamente que uma sem, partindo do pressuposto de que num processo de troca você se desfaz de algo “inútil” ou apenas não essencial naquele determinado momento por algo que fará você ganhar mais felicidade. Isso passando de um individuo para todos de uma sociedade, vemos que se toda sociedade maximiza utilidade, a sociedade em si tem um ganho de bem estar em conseqüência.
Como se trocava o javali por pedra, hoje se trocam bens por unidades monetárias. As trocas existem porque há a vontade de um indivíduo de obter algo que ele não possui, não tem como produzir, ou de alguma outra forma que o impossibilite de conseguir seu bem. Aí entra o papel da troca na vida desse sujeito.
No ato da troca, está implícita à vontade de algum outro agente em se desfazer desse bem (procurado pelo primeiro) em troca de algum que o primeiro esteja disposto a colocar à disposição. Discute-se quantidades de um e de outro e realiza-se a troca. Como o mundo é perfeito! Ambos conseguiram o que queriam, e estão mais felizes. Isso te lembra algo estudado em Microeconomia? Estamos quase lá.
Os sujeitos geralmente (quase sempre) não estão satisfeitos com a sua dotação inicial de determinados bens, por isso, tenta-se trocar até o ponto em que não dê pra realizar mais trocas sem piorar a situação de um dos agentes. Quando chegamos nesse ponto atingimos o chamado Equilíbrio de Pareto, o equilíbrio eficiente. Não tem como conseguirmos mais trocar porque ninguém estará disposto a participar do troca-troca (condição indispensável para se trocar). Então o ciclo de trocas acabaria quando chegarmos no equilíbrio de Pareto.
Muitas vezes nem somente o desejo de obter algo em específico te leva a trocar, pode acontecer de você ter muito de algo e simplesmente compartilha com alguém e recebe em troca algo por status. Você então fica desejando a galinha do vizinho mesmo que não a queira, mas porque ela é mais gorda que a sua, e assim, na sua vizinhança você pode dizer (o tal de status) que é o dono da galinha mais gorda. MAS quando menos se espera, olhe para o lado e seu outro vizinho tem uma galinha mais bonita que a tua. Damn it! Mas não fique triste, pois afinal, é por isso que o sistema funciona tão bem e não tende a parar. Cada vez que você acha que está bem, alcançou o pináculo da sua vida, você descobre que algo melhor ainda pode acontecer, por isso as pessoas se esforçam para serem mais produtivas e conseguir avançar nesse processo, indo até onde dá.
Algum de vocês já chegou num equilíbrio de Pareto em suas vidas? Não é difícil imaginar que seja um tanto complicado se atingir esse nível de bem-estar, logo, a galinha do vizinho sempre será mais gorda, e você nunca estará plenamente satisfeito com sua dotação de fatores. Afinal, esse é um dos princípios microeconômicos, o da não-saciedade, sempre preferimos mais a menos. Ai se eu tivesse aquela galinha hein?!