A grande interrogação de 2013
Economia

A grande interrogação de 2013





Ricardo Lacerda

O ano de 2013 se inicia em meio a uma grande expectativa em relação ao desempenho da economia brasileira. A passagem de ano se dá com elevado grau de incerteza quanto ao comportamento de variáveis-chave, como a evolução do PIB, da inflação e da taxa de câmbio.  

Mesmo com as seguidas revisões para baixo do PIB de 2012, a projeção para 2013 é um exercício que precisa ser feito por governos e empresas para a elaboração do orçamento, discriminando receitas e despesas, para orientar o planejamento de suas ações.

Não que em anos anteriores as projeções tivessem sido precisas, ou mesmo aproximadas. Entre 2001 e 2011, o desvio médio entre a mediana da projeção do relatório de mercado Focus na última semana de dezembro e o resultado do ano seguinte foi de 1,6 ponto percentual, para cima ou para baixo, o que não é pouco. Depois do evento da crise de 2008, as projeções se distanciaram do resultado alcançado e devem fechar o período 2009-2012 com desvio médio de 2,4 pontos.

Frustração

Nos últimos dois anos, o resultado registrou diferença acentuada para baixo em relação ao antecipado pelo mercado e pelas autoridades, o que tem causado desânimo e descrença em relação às projeções para 2013. Com o Pibão de 7,5% de crescimento em 2010, ao final de dezembro daquele ano projetava-se 4,5% para 2011, quando o crescimento alcançado de fato foi de 2,7%. Em dezembro de 2011, projetou-se para o ano que se encerra 3,3%, frente a um resultado que deve oscilar em torno de 1%, o pibinho de 2012.

É difícil avaliar o quanto da frustração das expectativas nesses dois anos deve-se a limites ‘físicos’ impostos às variáveis de demanda que teriam impedido uma retomada mais robusta da economia, como o efeito do endividamento das famílias sobre a evolução do consumo ou da pressão dos importados e de estoques elevados sobre o nível de produção da indústria, fatores que têm sido aventados, e o quanto se deve aos efeitos da crise sobre a confiança das empresas e famílias. Não há, ainda, respostas satisfatórias a respeito dessas questões. Foram ofertadas no mercado das explicações até mesmo variáveis demográficas, em que a evolução mais lenta da PEA limitaria a expansão do crescimento econômico em situação próxima ao pleno emprego.

Tampouco há uma avaliação mais consistente sobre o que esperar, e em que prazo, de mudanças de caráter mais estrutural sobre o nível de atividade econômica, como o impacto da desvalorização cambial sobre a produção da indústria ou da redução dos juros sobre as decisões de investimento de famílias e empresas, naquilo que vem sendo chamado da nova matriz econômica do país.

Novo alento

O governo federal tem ampliado o leque de medidas para ativar a economia por meio de estímulos ao consumo das famílias, de desoneração da produção e de incentivo ao investimento privado, e insiste que é uma questão de tempo para que a atividade econômica reaja e volte a crescer a ritmo superior a 3% ao ano. As medidas atacam nas duas frentes: aquecimento das variáveis de demanda, no curto prazo, e alargamento do potencial de crescimento.

E, de fato, o nível de atividade parece ter voltado a engrenar neste segundo semestre de 2012, criando um novo alento em relação às expectativas para 2013. Para além das restrições mais estruturais e de explicações exóticas, o mecanismo econômico voltou a acelerar indicando que o PIB deverá apresentar taxas de crescimento mais altas nos próximos trimestres. O gráfico a seguir apresenta as projeções do relatório Focus para o crescimento do PIB trimestral até o final de 2013, na comparação com mesmo trimestre do ano anterior. Para o ano completo, a projeção é de 3,3% de crescimento em 2013.

Com o reaquecimento da economia e o alargamento das condições de crescimento, os mecanismos de retroalimentação podem já ter começado a operar, em uma sequencia de efeitos positivos sobre consumo, emprego e rendimentos, até impactar o investimento e a arrecadação ao longo do próximo ano.


Fonte: IBGE, Contas trimestrais e projeções (mediana) do relatório Focus do Banco Central de 21/12/2012.

Publicado no Jornal da Cidade, em 30/12/2012 



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