O PIB do 1º trimestre de 2011 e a política econômica
Economia

O PIB do 1º trimestre de 2011 e a política econômica


Ricardo Lacerda

O IBGE apresentou, na última sexta-feira, a taxa de crescimento do PIB brasileiro do primeiro trimestre de 2011, notícia aguardada com ansiedade, visto que três dias antes havia sido anunciada a forte queda da produção industrial de abril (-2,1%), na comparação com o março, na série sem efeitos sazonais, sugerindo que a economia poderia estar iniciando um movimento em direção à recessão.

Com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, marcada para essa semana, mercado, analistas e autoridades econômicas esquadrinham os indicadores de nível de atividade e de preço que balizarão a decisão de aumentar, ou não, a taxa básica de juros da economia.
Constatados, no início do ano,o excessivo aquecimento do nível de atividade e a elevação de preços decorrentes não apenas de fatores externo, como também da pressão de demanda no mercado interno, foram adotadas diversas medidas restritivas de crédito que se somaram às rodadas de elevação da taxa básica de juros em 2011. Ao lado das políticas monetárias, foram anunciadas medidas de contenção do gasto público.

O PIB trimestral

O PIB brasileiro do 1º trimestre de 2011 alcançou R$ 939,6 bilhões em valores correntes, correspondentes a um crescimento de 1,3%,em relação ao quarto trimestre de 2010, feitos os ajustes sazonais. A taxa do 1º trimestre de 2011, quando anualizada, atinge 5,3%, indicando que a atividade econômica continuou aquecida.

O valor adicionado do setor agropecuário teve, no trimestre, incremento de 3,3%, o da indústria de 2,2% e o dos serviços, 1,1%.O PIB do 1º trimestre apresentou maior crescimento do que no 3º e 4º trimestres de 2010: 0,4% e 0,7%, respectivamente, confirmando a percepção predominante de que a economia entrara o ano de 2010 evoluindo a taxas elevadas (ver Gráfico 1).

Na série que compara os últimos quatro trimestres em relação ao mesmo período do ano anterior, o PIB cresceu 6,2%, taxa ainda muito elevada,mesmo considerado que verificou-seuma desaceleração importante em relação aos 7,5% dos dois trimestres anteriores.


Fonte: IBGE- Contas trimestrais

Consumo das famílias

O resultado que mais chamou atenção foi a forte desaceleração do crescimento do principal item do PIB sob a ótica da despesa, os dispêndios de consumo das famílias, que respondiam por 64% do total no ano de 2010. Depois de terem crescido1,8% no 1º trimestre de 2010, 1,1% no 2º trimestre, retornado à taxa de 1,8% no 3º trimestre e alcançado o notável crescimento de 2,5% no último trimestre daquele ano, os gastos das famílias tiveram crescimento modesto no 1º trimestre de 2011, apenas 0,6%, sugerindo que as medidas de restrição adotadas,ao lado do grau de endividamento das famílias e, mesmo, da corrosão do poder de compra derivada da alta dos preços,concorreram para o resultadodo dispêndio de consumo.


Fonte: IBGE- Contas trimestrais

No momento atual, há mais dúvidas do que certezas em relação ao grau de desaceleração do nível de atividade e do seu efeito sobre o comportamento dos preços nos próximos meses.
Conta para a elevação da taxa de juros na reunião da próxima semana, além das turbulências no mercado internacional, a percepção de que, mesmo com a desaceleração do ritmo de crescimento, o aquecimento do mercado de trabalho e as despesas de consumo das famílias continuam pressionando os preços para cima. Sugere cautela em relação à nova elevação da taxa de juros, a compreensão de que as medidas prudenciais de contenção do créditoe de restrição do consumo, ao lado dos efeitos da própria inflação sobre o poder de compra, já estariam fazendo o trabalho de por a inflação nos trilhos, e que restrições adicionais aos gastos poderiam limitar o crescimento mais do que o necessário.

Publicado no Jornal da Cidade 08/06/2011


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