Economia
Regional Economic Outlook:Western Hemisphere - April 2008 - Parte 1
Como é de especialidade desse blog, disponibilizo a análise do documento Regional Economic Outlook – Western Hemisphere¹, publicado no mês de abril pelo FMI, o qual trata das tendências econômicas para as Américas, incluindo Estados Unidos (o principal foco de disrupção das tendências positivas de crescimento da América Latina e Caribe) e o Canadá. A previsão é de que a abordagem seja conduzida em três textos, não sendo, obrigatoriamente, em seqüência, visto que ele possui cerca de 60 páginas.
Mesmo com os estímulos concedidos pelas autoridades norte-americanas, seja no aspecto fiscal ou monetário, o crescimento estimado do PIB ficará em torno de 0,5%, principalmente, por causa da crise do setor imobiliário que já está completando quase um ano (muito além do subprime, é bom citar). As previsões de curto prazo são ainda obscuras, visto que os preços das residências e construções comerciais continuam caindo (10-20% nos últimos quatro quadrimestres) e o setor financeiro ultrapassa por um período de aversão ao risco de crédito, tendo que optar por postura mais comedida em relação a quem deve emprestar o seu capital minguado pela desvalorização de seus antigos ativos imobiliários salutares. Para combater essa tendência amedrontadora, a Reserva Federal posicionou-se como salvadora de bancos (inclusive os de investimento, como o Bear Stearns, antes não contemplados pela mão salvadora do dinheiro público), além disso, no âmbito fiscal, foi aprovado um pacote de “restituições” no valor de US$ 170 bilhões a ser feito aos contribuintes, englobando, outrossim, redução de impostos para o investimento privado e financiamento de hipotecas com o dinheiro público. Mesmo assim, se os balanços das instituições bancárias não demonstrarem uma recuperação satisfatória até a metade do ano, talvez, a solução será vender a alma para os recursos abundantes dos SWF (Sovereign Wealth Funds, no português, Fundos Soberanos, tratados no presente blog²)
No que diz respeito ao Canadá, mesmo com uma demanda interna forte e resultados interessantes no comércio de commodities, enfrenta um processo de apreciação de sua moeda (dólar canadense) em relação ao dólar americano, o que leva a um aumento considerável das importações de manufaturados dos EUA. Em contrário ao que acontece no resto do mundo, o centro do índice de inflação está em queda acentuada, forçando ao Banco do Canadá a um afrouxamento da política monetária, de uma forma mais simples: um pacote de estimulo fiscal (peripécias Keynesianas). Não se antevê grandes problemas para esse país no decorrer do ano, a não ser que ocorra uma queda real no valor das commodities, causando queda no saldo externo. Felizmente, com políticas consistentes no controle macroeconômico, reformas estruturais e flexibilidade no mercado de trabalho, há de se esperar que a bonança continue. Previsto crescimento de 1.3% e 1.9%, respectivamente, em 2008 e 2009.
Quando se fala em América Latina e Caribe, no que tange ao sistema financeiro, percebe-se que os bancos estão em ótimo estado, sustentando os níveis de crédito ao consumidor e às empresas, mesmo com a apresentação de taxas de juros escandalosas. O prêmio de risco às aplicações em países emergentes apresenta variação ridícula nos mercados, em especial, pelas condições prevalecentes de controle fiscal, supervisão do nível de dívida bruta/PIB e edificação de níveis de reservas internacionais polpudas. Para o financiamento do setor privado, excetuando-se as empresas Blue Chips, houve um aumento nos spreads, o que as obrigou a buscar capital no mercado acionário (cerca de 20% do capital vem de investidores internacionais). Para se ter uma idéia, aproximadamente 100 novas empresas fizeram o seu IPO, no Brasil, em 2007. Em contradição ao visto em outras nações do LAC (Latin American and Caribbean), o Brasil foi um dos únicos países a apresentar valorização do conjunto acionário no ano, com destaque para o papel das grandes empresas do setor primário de nosso país (Vale, Petrobras e CSN).
Marcas
¹ Arquivo pode ser baixado através do link http://www.imf.org/external/pubs/ft/reo/2008/whd/ENG/wreo0408.htm
² Explicação sobre a definição de Fundos Soberanos está presente nesse blog em:
http://economia--devpratica.blogspot.com/2008/01/fundos-soberanos-do-mistrio-prtica.html
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