A edição de setembro da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do IBGE, confirmou a conjuntura adversa da produção industrial da região, notadamente no Estado do Ceará. Na comparação entre setembro e agosto (na série sem efeitos sazonais), o resultado da região foi positivo e expressivo, com crescimento de 1,1%, quando o conjunto do país, muito influenciado pela forte queda da produção física da indústria automobilística, registrou recuo de 2,0%.
Em todas as demais séries, os resultados da produção física do Nordeste são muito piores do que os da média do país. No acumulado de janeiro a setembro, sobre igual período do ano anterior, a produção regional apresentou retração de 5,2%, quando na média do país a produção física da indústria geral cresceu 1,1%; na série acumulada de doze meses em relação ao mesmo período anterior, a produção nordestina recuou 4,2%, frente ao crescimento de 1,6% da produção física brasileira.
EstadosA Pesquisa Industrial Mensal mede a produção física da indústria de doze estados brasileiros e da região Nordeste. Quando se observam os resultados da série da produção acumulada de doze meses encerrados em setembro, em relação a igual período anterior, apresentados no Gráfico 1, constata-se que, entre as áreas pesquisadas, apenas os estados nordestinos, a região Nordeste e Santa Catarina registraram resultados negativos, puxando para baixo a média nacional.As demais áreas pesquisadas obtiveram taxas de crescimento superiores ao 1,6% obtido pelo país. O resultado negativo da produção física do Nordeste (-4,2%) foi, de fato, fortemente influenciado pelo mau desempenho do estado do Ceará (-11,3%), mas a Bahia (-3,9%) e Pernambuco (-0,5%) também apresentaram recuo, confirmando que se trata de crise que afeta o conjunto da economia industrial da região, em um grau muito mais acentuado do que a média nacional.Fonte: IBGE-PIM
CicloÉ possível observar no Gráfico 2 que, no período anterior à eclosão da crise financeira em setembro de 2008, a linha que representa as taxas de crescimento da produção física da indústria de transformação do Brasil, no acumulado de doze meses, em um período de intenso crescimento, se situava acima da linha da região Nordeste.Com a crise, a produção da indústria de transformação do Nordeste sofreu relativamente menos, registrando quedas menores, seguindo o padrão de ciclos anteriores. Com a retomada da produção física, na série analisada, a partir do terceiro trimestre de 2009, as taxas de crescimento da indústria de transformação nordestina e as do Brasil se mantiveram quase sobrepostas, com ligeira vantagem de desempenho da indústria regional.Quando a taxa de crescimento começou a desacelerar no início de 2011, seja em função das políticas fiscais e creditícias adotadas, seja em função da valorização cambial e da deterioração do cenário externo, a produção da indústria de transformação nordestina passou a apresentar, mês a mês, desempenho bem inferior ao da média da indústria de transformação brasileira (ver Gráfico 2).Fonte: IBGE-PIM
SetorialEm termos dos ramos da indústria, os segmentos que apresentaram os piores desempenhos nos doze meses encerrados em setembro, com retração da produção de mais de 10%, foram o têxtil, o de calçados e couros, o de vestuário e o de produtos químicos, daí os resultados desastrosos da indústria cearense, fortemente especializada nos três primeiros setores. A retração da indústria baiana se deveu principalmente às quedas nos ramos de automóvel e de refino de petróleo e etanol (ver Gráfico 3).Fonte: IBGE-PIMOs resultados das últimas edições da Pesquisa Industrial Mensal mostram que, se as dificuldades enfrentadas pelo setor industrial no Brasil têm se traduzido em intensa desaceleração do ritmo de crescimento do nível de atividade industrial, no Nordeste elas vêm se apresentando como uma queda impactante.