Economia
O peso do emprego público nos estados
Ricardo Lacerda
Decano dos economistas sergipanos, Dilson Menezes Barreto escreve comentando o artigo da semana passada sobre a geração de emprego formal na economia brasileira. Pareceu-lhe acima do desejável o peso da administração pública, em suas três esferas, no emprego formal da economia sergipana, 118.554 empregos, equivalentes a 32,1% do total de 369.579.
Instigado pelo comentário do eminente economista, levantei os dados por unidades da federação para verificar o peso do emprego público, nos anos de 2000 e de 2010, em relação ao emprego total, e a relação entre o emprego público e a população economicamente ativa referente ao ano de 2009.
O emprego públicoEm dezembro de 2010, segundo o Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego, as três esferas de governo empregavam no Brasil 8.763.970 pessoas, equivalentes a 20,2% do total de pessoas com emprego formal, cerca de 1 em cada 5 empregados formalizados. Esta participação já foi maior, alcançou 22,4% em 2000.
O gráfico, a seguir, não deixa dúvida sobre a relação entre o peso do setor público e o grau de maturidade do desenvolvimento econômico. Nos estados da região Norte e Nordeste, o setor público tem uma participação relativamente maior do que nas áreas mais desenvolvidas do país. É importante destacar que tal fato não permite inferir o gigantismo do emprego público em determinado lugar, pois o dado diz mais respeito ao grau de desenvolvimento das forças produtivas do setor privado, frente ao tamanho do setor público.
Enquanto nas regiões Norte e Nordeste, as participações do emprego público alcançavam, respectivamente, 37,6% e 31,1% do emprego formal, nas regiões Sul e Sudeste estas participações se situavam a menos da metade das primeiras, 14,5% e 15,2%. Observe-se que as maiores participações do emprego público verificavam-se nos ex-territórios federais, por ordem, Roraima, 49% dos empregos formais, Acre, 47,7%, e Tocantins, 47,1%.
Fonte: MTE-RAIS
No outro extremo geográfico e econômico do país, encontravam-se os estados de menores participações da administração pública no emprego total, Santa Catarina (11,8%), São Paulo (12,6%), Paraná (15,1%) e Rio Grande do Sul (15,9%). Mesmo estados com forte presença do setor público, como Rio de Janeiro (18,2%) e Minas Gerais (19%), por contarem com setor produtivo mais desenvolvido, apresentavam participações menores. (Ver gráfico)
NordesteNa região Nordeste, os estados economicamente mais expressivos registravam as menores taxas de participação da administração pública no emprego formal, Pernambuco, com 25,8%, Bahia, 28,6% e Ceará, 29,2%. Sergipe, com seus 32,1% se situava em uma posição intermediária, 12º no ranking nacional, em ordem decrescente de participação, e 4º lugar no Nordeste, abaixo da Paraíba (42,5%), Maranhão (40,1%), Piauí (37,3%).
VariaçãoAo longo da década, a forte expansão do emprego no setor privado, mesmo diante de um aumento expressivo do emprego público, fez com que caísse a participação da administração pública no total do emprego formal no país, de 22,4%, em 2000 para os já citados 20,2%, em 2010. A queda de 2,2 pontos percentuais pode não parecer grande, mas ela significa que, caso tivesse crescido às mesmas taxas do emprego privado no período, teriam sido criados 1.237.927 empregos adicionais na administração pública.
PEAUma outra dimensão é a importância do emprego público como proporção da População Economicamente Ativa (PEA). Em 2009, o emprego formal na administração pública correspondia a 8,7% da PEA brasileira. O emprego público no Distrito Federal alcançava 30,8%, e no outro extremo, representava apenas 6,2% da PEA catarinense. Nesta comparação, o estado de Sergipe aparece em segundo lugar na região Nordeste, atrás da Paraíba, e em oitavo lugar no país, com o emprego público equivalendo a 11,8% da PEA. (Ver tabela).
Em termos regionais, o Centro-Oeste, por conta do peso do Distrito Federal, tem a maior porcentagem, 13,1%, seguido pelas regiões Norte, 11,2% e Nordeste, 9,1%. Observe-se que neste tipo de comparação as discrepâncias entre as regiões são bem menores do que quando se compara o peso do emprego público no total do emprego formal.
Fonte: MTE-RAIS e PNAD.
Respondendo ao ilustre economista, o peso do emprego público no total do emprego formal na economia sergipana não distoa muito da média dos demais estados nordestinos. Enquanto proporção da População Economicamente Ativa, o resultado indica que o emprego público em Sergipe se encontra acima da média da região e entre os maiores do país.
Publicado no Jornal da Cidade em 29/05/2011
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