Ricardo Lacerda
As regiões brasileiras têm sido atingidas em graus bem diferentes pelo agravamento do cenário da economia mundial desde meados de 2011. O nível de atividade em doze meses de julho de 2014 da região Nordeste é 11,4% superior ao de três anos atrás, enquanto o da região Sudeste se situa em julho de 2014 tão somente 4,6% acima do resultado de julho de 2011. Ou seja, nos últimos três anos, período em que a economia brasileira apresentou taxas de crescimento reduzidas, o Nordeste vem crescendo mais do que o dobro da região Sudeste. Diante da inexistência de cálculos atualizados para os PIBs dos estados e regiões, as taxas apresentadas são relativas ao Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC).
Nos últimos doze meses, na série do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-R) que compara com doze meses anteriores, a economia da região Nordeste não apenas registrou o crescimento nada desprezível de 3,3% como vem apresentando desde o início do ano de 2014 uma retomada do ritmo de expansão, em desempenho oposto ao que vem ocorrendo com a economia da região mais industrializada.
Emprego formal
Os diferenciais de crescimento entre as economias regionais têm se refletido na taxa de geração de emprego formal. A Tabela apresentada contém as taxas de crescimento do emprego formal em doze meses, entre setembro de 2013 e agosto de 2014, do Brasil, das regiões e de estados selecionados, no caso São Paulo e Sergipe. Na média do país, o emprego formal apresentou crescimento de 1,72%, com o Nordeste registrando a taxa mais elevada entre as regiões, de 2,82% e a região Sudeste, a mais baixa, apenas de 1,06%.
Destacamos também na Tabela que, enquanto Sergipe cresceu bem acima das taxas médias do Nordeste e do Brasil alcançando a taxa de 4,22%, o estado de São Paulo, o mais industrializado do país, se limitou a ampliar o emprego em 0,89%. Ou seja, a taxa de expansão do emprego de Sergipe foi mais do que o dobro da média nacional e quatro vezes superior à taxa de crescimento do emprego formal em São Paulo.
Chama a atenção o fato de as taxas de crescimento do emprego terem sido bem inferiores na região Sudeste e no estado de São Paulo, comparativamente ao desempenho do emprego nas demais regiões do país.
Tabela. Taxa de crescimento do emprego formal em doze meses- Setembro de 2013 a Agosto de 2014 (%)
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Nível geográfico | Taxa de crescimento (%) |
Brasil | 1,72 |
Norte | 2,32 |
Nordeste | 2,82 |
Sergipe | 4,22 |
Sudeste | 1,06 |
São Paulo | 0,89 |
Sul | 2,35 |
Centro-Oeste | 2,13 |
Fonte: MTE-CAGED
Crescimento do Nordeste
O Gráfico apresentado registra a taxa de crescimento da economia do Nordeste em doze meses desde o final de 2011, medida pelo IBC-R, e a taxa de crescimento da economia brasileira, segundo o IBC-BR. Durante todo esse período, marcado pelo novo agravamento do cenário econômico mundial que provocou crises profundas em países de diversos continentes, mas que foram especialmente graves entre nações europeias, o crescimento da economia do Nordeste não caiu abaixo do patamar de 2,5%, mesmo com a região tendo enfrentado uma das maiores secas dos últimos 50 anos. Nessa série de crescimento de doze meses, a economia do Nordeste vem mesmo acelerando o ritmo de expansão desde o início de 2014.
Sorte diferente vem conhecendo a região mais rica e industrializada do país. Nos últimos doze meses, a economia do Sudeste praticamente não apresentou crescimento. Na região, o estado de São Paulo tem sofrido as maiores adversidades, por dois motivos: de um lado a indústria de transformação, o setor mais diretamente afetado pela crise internacional, tem uma participação na geração de riqueza daquele estado maior do que na média do país; e, de outro lado, o seu setor industrial vem apresentando desempenho, nos últimos doze meses, bem inferior ao da média do país.
É curioso, todavia, o fato de as economias das demais regiões (Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste) terem apresentado taxa de crescimento igual ou superior a 2%, frente à expansão inferior a 1% da região Sudeste.
Em todos os sentidos, é notável a manutenção de taxas de crescimento relativamente robustas na região Nordeste nos últimos três anos, mesmo diante das dificuldades apresentadas pela economia brasileira e das tibieza e instabilidade apresentadas pela economia mundial. Com os primeiros sinais de retomada, ainda que modesta, da economia do Sudeste no terceiro trimestre de 2014, que deverá ser intensificada em 2015, espera-se que o Nordeste persista em sua trajetória crescimento nos próximo ano.
Fonte: Banco Central do Brasil
Publicado no Jornal da Cidade, 06/10/2014
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