O Nível de atividade da economia sergipana no 3º trimestre de 2010
Economia

O Nível de atividade da economia sergipana no 3º trimestre de 2010


Ricardo Lacerda*

Depois de uma forte aceleração no primeiro trimestre de 2010, quando o PIB cresceu 2,7% em relação ao trimestre anterior, na série livre de efeitos sazonais, apontando para taxas anualizadas de 11%, o nível de atividade da economia brasileira sofreu uma desaceleração nos meses seguintes. No segundo trimestre do ano, a expansão do PIB foi de 1,2% em relação ao trimestre anterior, na série sem efeitos sazonais, equivalentes a 4,9% em termos anualizados. Na comparação entre o primeiro semestre de 2010 com o mesmo período de 2009, o crescimento do PIB brasileiro alcançou 8,8%.

A previsão das autoridades econômicas é de que o ano de 2010 deverá encerrar com uma expansão entre 7,5% e 8%, o melhor resultado nos últimos 24 anos.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), indicador coincidente da atividade econômica, vem se mostrando estável nos últimos meses. A média do trimestre junho-agosto desse indicador é exatamente a mesma do trimestre anterior, março-maio, na série sem efeitos sazonais, apontando estabilidade no nível de atividade da economia brasileira. A desaceleração do crescimento nos últimos meses não se contrapõe ao fato de que a economia brasileira segue aquecida, com um nível de atividade elevado, apenas informa que ela tem crescido mais devagar.

No caso específico do setor industrial, a produção brasileira do setor no terceiro trimestre de 2010 cresceu 7,9% em relação ao mesmo período de 2009, mas o resultado foi negativo na comparação com o segundo trimestre (-0,5%) na série ajustada sazonalmente, conforme informou o IBGE.

Sergipe

Os indicadores disponíveis no nível de atividade da economia sergipana não são tão conclusivos a respeito da desaceleração do ritmo de crescimento nos últimos meses. No caso específico do setor industrial, os indicadores mais gerais apontam para uma manutenção do ritmo de expansão produtiva.

A soma do consumo industrial de energia elétrica e do consumo livre efetuado por grandes empresas comerciais e industriais na área de abastecimento da Energisa vem se mantendo em expansão, ampliando, inclusive, a diferença em relação aos mesmos meses dos anos anteriores. Apenas no mês de setembro, que costuma apresentar uma queda em relação a agosto, o recuo foi um pouco mais acentuado do que nos anos anteriores, mas apenas um evento não configura uma tendência. (Ver gráfico 1). Esse consumo no terceiro trimestre de 2010 ficou 16,2% acima do realizado no mesmo período de 2009, e 10,1% superior ao de 2008, antes do impacto da crise financeira internacional.















Fonte: Energisa

O consumo de gás natural pela indústria sergipana em 2010 também vem mantendo larga diferença na comparação com os mesmos meses de 2009. No terceiro trimestre de 2010, esse consumo se situou 16% acima do nível do mesmo período de 2009 e 3% acima do de 2008. (Ver gráfico 2).

A arrecadação do Imposto sobre Produto Industrial – IPI, na economia sergipana também confirma o aquecimento do setor, pulando de R$ 14,9 milhões no terceiro trimestre de 2009 para R$ 22,2 milhões no mesmo período de 2010, incremento de 48,7% em termos nominais.













Fonte: Abegas

Crédito e vendas

As evoluções do volume de crédito e de vendas no varejo não têm registrado desaceleração nos últimos meses na economia sergipana. O volume de vendas nos últimos 12 meses encerrados em agosto se situou 13,52% superior ao montante dos 12 meses anteriores. Ao longo do ano, essa série tem se mantido relativamente estável, revelando a robustez da expansão das vendas no mercado local.

A trajetória do crédito total em Sergipe tem se mostrado ainda mais favorável. O saldo total de crédito em poder do público, em agosto de 2010, estava 28,22% acima do montante de agosto de 2009. A expansão das operações de crédito tem se mostrado sustentável ao longo do ano e não sinaliza para uma desaceleração nos últimos meses, mesmo considerando que a base de comparação tenha crescido a cada mês. (Ver gráfico 3)















Fonte: IBGE- PMC. Banco Central.

A economia sergipana, diferentemente da média nacional, não tem mostrado sinais claros de desaceleração nos últimos meses. Indicadores de produção, consumo e crédito sinalizam para a persistência de um mercado aquecido e em forte expansão. É necessário aguardar a evolução dos indicadores nos próximos meses para avaliar se os efeitos da perda de ritmo no âmbito nacional se refletirão na mesma proporção internamente.

Publicado no Jornal da Cidade 07 de novembro de 2010


Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.



loading...

- O Nível De Atividade Da Economia Sergipana Ao Final De 2011
Ricardo Lacerda Na próxima terça-feira, 6 de dezembro, o IBGE deverá anunciar a evolução do PIB do terceiro trimestre de 2011. As especulações que circulam na imprensa são de que a economia brasileira estagnou no período, em comparação com...

- O Pib Do 2º Semestre De 2011
Ricardo Lacerda A semana correu repleta de informações inquietantes que criaram um ambiente de angústia entre aqueles que acompanham o cenário econômico brasileiro: revisão da taxa de crescimento econômico americano para 1,7% em 2011, contra a...

- A Economia Sergipana No 1º Semestre De 2011
Ricardo Lacerda Pressionado pela aceleração inflacionária no inicio de 2011, o governo federal adotou uma série de medidas restritivas ao crédito, elevou a taxa de juros e limitou o dispêndio público. Respondendo a essas medidas, verificaram-se...

- O Nível De Atividade Da Economia Sergipana No Início De 2011
Ricardo Lacerda Quando os temas econômicos mais palpitantes são o forte aquecimento da economia brasileira e as medidas adotadas para desacelerar o seu crescimento, vale a pena buscar indicações sobre o nível de atividade da economia sergipana entre...

- A Desaceleração Do Pib No 2º Trimestre E A Taxa De Juros
Ricardo Lacerda* No inicio de 2009, em resposta à crise de confiança que se estabelecia e ameaçava paralisar a economia brasileira, o Conselho de Política Monetária- Copom, do Banco Central, deu inicio a uma série de cinco reduções da taxa de...



Economia








.