A economia sergipana no 1º semestre de 2011
Economia

A economia sergipana no 1º semestre de 2011


Ricardo Lacerda

Pressionado pela aceleração inflacionária no inicio de 2011, o governo federal adotou uma série de medidas restritivas ao crédito, elevou a taxa de juros e limitou o dispêndio público. Respondendo a essas medidas, verificaram-se uma desaceleração do ritmo de crescimento da economia e um comportamento mais tranqüilizador dos índices de preço, ainda que o nível de atividade e, notadamente, o mercado de trabalho ainda se mantenham aquecidos.

Com o objetivo de examinar o comportamento da economia sergipana nesse período apresenta-se a seguir um conjunto de indicadores da atividade industrial, de vendas, emprego e crédito no Estado.

Setor Industrial

O indicador mais abrangente do nível de atividade industrial, particularmente da indústria de transformação, é o consumo de energia elétrica. A soma do consumo industrial e dos contratos no mercado livre da área da Energisa vem se mantendo firme, acima de 80 GWh por mês, mas o crescimento vem se desacelerando nos últimos meses. No acumulado de janeiro a maio de 2011, o consumo industrial somado aos contratos livre teve incremento de apenas 2,8% em relação ao mesmo período de 2010.

O gráfico 1, a seguir, representa a situação do consumo de energia deste agregado, com a vantagem de isolar o efeito sazonal. As colunas apresentam os dados do consumo acumulado em doze meses e a linha resume as taxas de crescimento em relação aos doze meses anteriores.

Em síntese, as colunas mostram que o consumo de energia se mantém em um patamar elevado, mas com incrementos limitados nos últimos meses; a linha indica que a taxa de crescimento do consumo em doze meses vem declinando desde dezembro de 2010, quando atingiu 11,1% em relação aos doze meses encerrados em dezembro de 2009, mas ainda são elevadas, alcançando 7,9% em maio de 2011.



Fonte: Energisa

Comércio

Os dados mais surpreendentes são os da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE. Depois de crescer 12,9% em 2010, na comparação com 2009, o volume de vendas do comércio sergipano, entre janeiro e abril de 2011, teve incremento de apenas 2,6 % em relação ao mesmo período de 2010. O dado é intrigante porque o ritmo de crescimento dos saldos de operação de crédito, tanto de pessoa física quanto de pessoa jurídica, que financiam as compras, vem se mantendo muito acelerado.

O saldo médio das operações de crédito de pessoas físicas entre janeiro e abril de 2011 se situou 34% acima do resultado do mesmo período de 2010 e o de pessoas jurídicas, excepcionais 46,1%. Mais ainda, no saldo médio de doze meses, as operações de pessoa física atravessaram todo o ano de 2010 e entraram nos quatro primeiro meses de 2011 com taxas de crescimento de cerca de 30%, enquanto o ritmo de crescimento das operações de pessoa jurídica tem mesmo se acelerado (ver Gráfico 2). O valor total de cheques trocados em Sergipe também vem se mantendo elevado, tendo crescido 18% entre janeiro e maio de 2011 sobre igual período de 2010.




Fonte: Banco Central

Mercado de trabalho

O mercado de trabalho sergipano se mantém notavelmente aquecido em 2011. Entre janeiro e maio, foram criados 4.312 empregos com carteira de trabalho, contingente superior ao já excepcional resultado do mesmo período de 2011, quando haviam sido geradas 4.126 vagas formais. O mercado de trabalho vem permanecendo firme em 2011, como mostram os resultados setoriais comparativos do emprego com carteira assinada nos primeiros cinco meses em relação a igual período de 2010 (ver Gráfico 3).



Fonte: MTE-CAGED

Em resumo, os indicadores parecem apontar que a economia sergipana permaneceu aquecida no primeiro semestre de 2011, mesmo que a taxa de crescimento possa ter desacelerado.
Para finalizar, é importante destacar que o empresário sergipano, particularmente o empresário industrial, permanece otimista em relação ao desempenho da economia estadual. Em maio, o Índice de Confiança do Empresário Industrial – ICEI da FIES marcou, 61,1 pontos, destacando que índices superiores a 50 pontos significam otimismo em relação à economia. O indicador de expectativas em relação ao futuro alcançou 66,2 pontos.



Publicado no Jornal da Cidade em 03/07/2011

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