Economia
O nível de atividade da economia sergipana ao final de 2011
Ricardo Lacerda
Na próxima terça-feira, 6 de dezembro, o IBGE deverá anunciar a evolução do PIB do terceiro trimestre de 2011. As especulações que circulam na imprensa são de que a economia brasileira estagnou no período, em comparação com o trimestre anterior, na série livre de efeitos sazonais.
O governo federal já vem reagindo à piora do cenário, a partir do entendimento de que a rápida deterioração da situação européia vem contaminando o ambiente empresarial com uma dose de pessimismo que impacta o nível de atividade interna.
Estão sendo acionados os botões das políticas monetárias e fiscais para estimular, de forma moderada, o crescimento do consumo em grau suficiente para sepultar a maré pessimista, mas sem perder de vista a necessidade de manter a inflação bem comportada. Como a situação não é de pânico, como o foi no final de 2008, as medidas até agora são menos radicais.
Sergipe Os indicadores mais representativos do nível de atividade da economia sergipana permanecem bons ou mesmo muito bons, com exceção dos resultados da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE. A soma do consumo industrial e do consumo livre, na área da Energisa, cresceu 4,3% entre janeiro e outubro de 2011, em relação ao mesmo período de 2010.
No trimestre agosto-outubro, o crescimento desse agregado foi de notáveis 7,1%, em relação ao mesmo trimestre de 2010. O emprego na atividade industrial continua firme. Nos últimos doze meses encerrados em outubro foram gerados 4.349 empregos formais, taxa de crescimento de 10,37%.
Apenas no setor têxtil, entre os ramos mais importantes da indústria sergipana, o emprego gerado em doze meses foi negativo, o que é compreensível por se tratar de atividade muito vulnerável à valorização cambial e à competição com produtos importados. Os dados de emprego da construção civil continuam muito favoráveis.
No trimestre agosto-outubro, foram gerados 1.022 empregos nesse setor, número muito bom, ainda que inferior aos 1.747 do mesmo período de 2010, quando a atividade vinha em ascensão e partia de um nível de emprego menor. Na comparação entre o trimestre junho-agosto de 2011 com o ano anterior, o consumo de cimento em Sergipe aumentou 27%. Entre agosto e outubro, foram criados 9.409 empregos formais em Sergipe, resultado muito bom, e muito próximo aos 9.890 gerados no mesmo período de 2010, no segundo melhor resultado da série histórica (ver Gráfico 1).
Como se trata de trimestre marcado pela contratação no setor sucroalcooleiro, procurou-se isolar o efeito causado pela expansão da atividade das novas usinas de açúcar e de álcool, retirando do total dos empregos gerados aqueles relacionados à agropecuária (lavoura da cana-de-açúcar), indústria de alimentos (açúcar) e setor químico (etanol). Ainda assim, a geração de emprego no trimestre agosto-outubro de 2011 mostrou-se robusta, o que pode ser observado no Gráfico 1.
Fonte: MTE-CAGED
Crédito De maneira geral, o consumo de bens não duráveis, como alimentos e vestuário, está associado ao emprego e à massa de rendimento da população, enquanto o consumo de bens duráveis, como eletrodomésticos, depende desses fatores e ainda das condições de crédito. Como é possível observar no Gráfico 2, o crédito continuou se expandindo a taxas muito elevadas em setembro, último mês com dados disponíveis, ainda que em ritmo inferior ao que vinha experimentando em junho.
O saldo de operações de crédito com Pessoa Física, em Sergipe, aumentou 29,8% na comparação entre setembro de 2011 e o mesmo mês de 2010, taxas superiores aos 27,2% da média nordestina e 24,0% da região Sudeste. O saldo das operações com Pessoa Jurídica se expandiu em 25,3% em Sergipe, resultado equivalente ao do Nordeste, e bem superior aos 16,3% do Sudeste.
Fonte: Banco Central
Não resta dúvida que 2011 não repetirá o desempenho extraordinário do ano de 2010, mas os indicadores de mercado de trabalho, de crédito e de consumo de energia mostram crescimento ainda robusto da economia sergipana até outubro.
Publicado no Jornal da Cidade em 04/12/2011
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