O Brasil vivencia hoje uma intensa campanha eleitoral, momento esse no qual os candidatos deveriam debater os inúmeros problemas que existem no país. Na realidade o que existe é uma tremenda troca de acusações entre governo e oposição sobre questões que não traz solução as graves dificuldades que o país possui. O presidente da república, ao invés de ser um magistrado, empenha-se na campanha como se ele próprio fosse candidato a sua segunda reeleição. É um período de verdadeiras baixarias, onde quem perde é a própria sociedade.
Apesar de o Brasil continuar neste ano de 2010 com sua economia em ritmo de crescimento, onde o Banco Central já prevê para este ano um crescimento asiático de 7,34%, os pilares da economia necessitam de maior atenção do poder público que, atualmente, no alto de uma popularidade presidencial de quase 80%, dedica-se tão somente a fazer da campanha eleitoral um palco para batalhas.
É bastante claro que num período eleitoral, com o Brasil em crescimento econômico semelhante ao tempo do “Milagre Econômico” nos anos 70 e com um presidente popular, a situação econômica para 2011 não seja divulgada como deveria. Na realidade, o sucessor do presidente receberá um país com sérios desequilíbrios econômicos, onde “terá que decidir entre aumentar a carga tributária e cortar os reajustes do salário mínimo”, medidas totalmente impopulares e que o atual governo não pensa em realizar, apesar da necessidade detectada em estudos dos economistas Samuel Pessoa, da FGV, e Mansueto de Almeida, do IPEA.
A economia brasileira conseguiu, com sucesso, receber os estragos causados pela crise de setembro/2008, sendo um dos últimos países a entrar e dos primeiros a sair. Para isso foram utilizadas várias medidas, como o forte estímulo ao crédito, porém deixaram de fora outras situações que não devem ser relegadas a um segundo plano. O governo não deve esquecer a situação fiscal que ocorreu recentemente em diversos países da Europa e deixar ao sucessor um explosivo déficit nas contas públicas. É inquietante saber que a área econômica do governo tinha até 2012 para equilibrar as receitas com as despesas e agora, no auge da campanha eleitoral, esse prazo passou para 2014.
O país tem tudo para crescer sustentável nos próximos anos. Afinal, o Brasil sediará em 2014 as Olimpíadas e em 2016 a Copa do Mundo, situações onde muitos projetos demandarão valores elevados em investimentos. No entanto, o que se observa nos últimos meses é um retorno a um projeto governamental de uma economia estatizante. Esse filme já foi visto por aqui e o resultado foi dos piores possíveis. É necessário que no Brasil o livre mercado continue atuando fortemente, pois como citou recentemente o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, “nosso crescimento ainda está um pouco abaixo do potencial e excessivamente dependente do consumo.” Se o atual governo não fizer bem a sua parte, mantendo as políticas macroeconômicas herdadas do governo anterior e que beneficiaram em grande parte o atual presidente, o futuro morador do Palácio do Planalto terá que enfrentar muito trabalho pela frente, com contrariedade para toda a população.