Texto de autoria de Fábio Biral da Miura Investimentos
Nos últimos meses, a crise de endividamento na zona do euro tem sido o assunto preferido nas rodas de economistas. Mais recentemente, os Estados Unidos entraram em foco, com a diminuição do ritimo da economia do país. Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi pivô de mais um episódio dessa novela. Em relatório divulgado no Panorama Econômico Mundial, o fundo diz que a crise européia representa uma ameaça para a economia do planeta.
O FMI baixou a projeção de crescimento dos 17 países da zona do euro de 2% para 1,6% do PIB, em 2011, e de 1,7% para somente 1,1%, em 2012. "Caso a crise na periferia da Europa continue a se propagar para as principais economias europeias, poderia haver uma quebra significante da estabilidade financeira global". Apesar de também sofrer quedas, o FMI prevê um crescimento bem superior na China, Brasil, Índia e outros países emergentes, o que deve ajudar a compensar o fraco resultado nos Estados Unidos e na Europa. Inclusive, essa fragilidade da economia mundial porá a prova os instrumentos de resposta da América Latina frente a possíveis choques externos e mostrará se a região conseguiu se desligar das economias avançadas.
Nos últimos dois anos, mais de 50% do crescimento da economia mundial procede das economias emergentes. Analistas do Banco Mundial destacaram que, por enquanto, a conexão da América Latina com a China esteve baseada na "complementaridade" da abundância de recursos naturais da região com a indústria de mão-de-obra intensiva desse país. "O desafio da América Latina e do Caribe não passa apenas por uma maior conexão com outras regiões, mas por uma maior relação entre si". Segundo o relatório, o FMI está preocupado com dois riscos em particular: que a situação da economia norte-americana piore ainda mais, com a redução do consumo e dos investimentos, e que a crise de endividamento na Europa fique fora de controle. Como antídoto, foi aconselhado que políticos norte-americanos e europeus ajam de forma mais decisiva na redução dos deficits orçamentários. E as autoridades europeias devem assegurar que os bancos da região disponham de capital suficiente para enfrentar a crise. O FMI pediu também, que os bancos europeus que aumentem o seu capital para sobreviver à crise de endividamento.
De acordo com o Fundo, as instituições estariam "seriamente expostas" a países que enfrentam crescentes custos de empréstimos. "Não se combate uma crise de endividamento com novas dívidas", diz o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble. Todo esse temor quanto ao futuro da economia global, reflete diretamente no mercado acionário. De julho até o fechamento do pregão de ontem, por exemplo, o Indice Ibovespa acumula perdas de aproximadamente 13%. Apesar desse desempenho ruim, a situação já foi bem pior, inclusive, a Bolsa brasileira está entre os piores desempenhos do mundo.
Porém, esse cenário pela qual o mercado passa, pode ser uma boa oportunidade para os investidores. A volatilidade atual, beneficia, e muito, o investidor de curto prazo. A idéia é tentar aproveitar os ajustes de alta para ter ganhos rápidos, já que as principais ações estão relativamente baratas. Mas isso não quer dizer que o momento não seja bom para o investidor de longo prazo. Muitas das principais ações da Bolsa estão em níveis da crise de 2008, o que possibilita uma recuperação robusta para os próximos anos. O próprio FMI, em seu relatório, aponta o Brasil como uma das principais economias do mundo para os próximos anos.
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