A interiorização do emprego formal em Sergipe
Economia

A interiorização do emprego formal em Sergipe


Ricardo Lacerda

Um dos mais aspectos mais interessantes do ciclo expansivo atual da economia brasileira é o processo de criação de empregos com carteira de trabalho nos municípios do interior. Ainda que, na maioria dos estados, o emprego metropolitano tenha crescido, nos últimos quatro anos, a taxas superiores as médias dos estados, o emprego fora das regiões metropolitanas aumentou consideravelmente em termos absolutos. Em 2010, foram criados no Brasil mais de 1 milhão de empregos nos municípios não pertencentes a regiões metropolitanas.

Geração de Emprego

Desde 2007, o emprego formal no interior do Estado, entendido como integrado pelos municípios não pertencentes ao aglomerado urbano da Grande Aracaju (além da capital, os municípios de Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros e São Cristovão) vem aumentando progressivamente. Depois dos 2.003 empregos gerados no interior no ano de 2006, o número de novos empregos cresceu para 3.903, em 2007, e alcançou 5.016, em 2008. Por conta da crise financeira internacional, houve certo recuo em 2009, quando foram criados 3.359 empregos formais, e, finalmente, o resultado exuberante de 2010, até o mês de novembro, com a geração de 9.506 empregos no interior do Estado. (Ver Gráfico).


Fonte: MTE- CAGED. Obs. * Municípios não pertencentes a Grande Aracaju (N. Sra. D Socorro; Aracaju, B. dos Coqueiros; e São Cristovão). ** Os dados de 2010 são relativos ao período jan-nov.

O emprego formal nos municípios do interior de Sergipe vem, em média, crescendo a taxas mais elevadas do que as apresentadas por Aracaju e pelos demais municípios da região metropolitana, fazendo com que a participação dos primeiros tenha aumentado no total do emprego formal gerado no Estado. Ou seja, não apenas o emprego formal vem se acelerando nos municípios do interior, como ele vem aumentando a participação no emprego formal que vem sendo gerado em Sergipe.

O movimento de expansão mais acelerada do emprego no interior fica mais bem ilustrado quando são comparados os quadriênios 2003-2006 e o 2007-2010, até o mês de novembro desse último ano. Enquanto no primeiro período foram criados 7.724 empregos nos municípios não integrantes da Grande Aracaju, entre 2007 e 2010, o número de empregos formais criados nestes municípios quase triplicou, na verdade cresceu 181%, alcançando o montante de 21.684 novas vagas.

No primeiro período, em torno de 2/3 dos empregos (68%) foram criados em Aracaju e 72% na Grande Aracaju. Entre 2007 e 2010, apesar da geração de emprego ter sido maior em todas as áreas do que no período anterior, a Capital respondeu por menos da metade do emprego gerado em Sergipe, 48%, e na soma de Aracaju com os demais municípios da região metropolitana, alcançou-se 58%. A outra face é de que, entre 2003 e 2006, o emprego formal no interior representou apenas 28% do total do Estado, e, entre 2007 e 2010, essa participação foi alçada para 42%. (Ver Tabela)


Fonte: MTE- CAGED. Obs. * Municípios não pertencentes a Grande Aracaju (N. Sra. D Socorro; Aracaju, Barra dos Coqueiros; e São Cristovão). ** Os dados de 2010 são relativos ao período jan-nov.

Municípios e Setores

Nos últimos quatro anos, os municípios sergipanos, não pertencentes à Região Metropolitana de Aracaju, que mais criaram emprego foram, por ordem, Capela e Nossa Senhora das Dores, por conta da instalação de Usinas Processadoras de Cana-de-Açúcar; Itabaiana, com destaque para o comércio, extração mineral, alojamentos e comunicação e outras atividades, e Frei Paulo, com a indústria de calçados.

Criaram contingentes também expressivos de novos empregos os municípios de Itaporanga D´Ajuda, com a construção civil, indústria de alimentos e profissões técnico-administrativas; Lagarto, com comércio varejista, indústrias de calçados e de alimentos, e serviços de alojamento e comunicação; Simão Dias, calçados e construção civil; Estância, comércio, construção civil, indústria de bebidas e metalúrgica; Laranjeiras, construção civil e agricultura; Propriá, construção civil, comércio varejista e indústria de alimentos e bebidas; Carmópolis, administração técnico-profissionais, transporte e comunicação, construção civil e metalúrgica; e, Nossa Senhora da Glória, comércio, industria de mobiliário e alojamento e comunicação.

A interiorização do emprego formal concorre para o desenvolvimento mais equilibrado territorialmente. O ciclo expansivo de geração de emprego nos últimos teve como um das características fundamentais a criação de tais empregos mais estruturados também em municípios não pertencentes á região metropolitana, em segmentos diversos da atividade econômica, mas com concentração nas indústrias de calçados e de alimentos e bebidas, na agroindústria canavieira, no comércio, e na construção civil.



Publicado no Jornal da cidade, em 05/02/2011

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