Brasil: ambiente de risco.
Economia

Brasil: ambiente de risco.


Editorial da FOLHA neste domingão expõe o descrédito quanto à capacidade do governo de pagar suas dívidas, numa  situação que pode provocar mais um ano de recessão profunda. 

Em 20 anos de relativa estabilidade da moeda, houve apenas um momento em que a desvalorização do real superou a verificada nos últimos 12 meses, de 72%. Foi em março de 1999, quando o país deixava atabalhoadamente o regime de câmbio quase fixo, uma perda de valor exagerada em parte pela própria natureza dessas transições.

A depreciação que se registra desde a eleição da presidente Dilma Rousseff (PT) excede mesmo aquela que se deveu ao pânico da eleição de Lula (PT), em ambiente econômico outra vez crítico.

No momento, parece não haver limite para a perda de valor do real, assim como não têm âncora as taxas de juros do mercado financeiro.

As tentativas do governo de apaziguar o ânimo dos agentes econômicos são cada vez mais desacreditadas, seja pelo descasamento de palavras e ações, seja pelas próprias declarações presidenciais, que se desdizem a respeito do ajuste das contas públicas.

Tal degradação realimenta a crise recessiva. A grande e contínua desvalorização do real pode reavivar a alta da inflação e travar a queda dos juros no início de 2016. A deterioração aguda das condições financeiras pode levar a um outro ano de recessão profunda.

Embora o Banco Central nesta semana não tenha alterado a Selic, taxa que regula o mercado de dinheiro no curto prazo, os juros futuros e de empréstimos mais longos sobem de modo preocupante.
A desorientação era tamanha que o Tesouro suspendeu um leilão de títulos prefixados. Ou seja, o governo deixou de tomar empréstimos a taxas de juros fixas, pois o custo estava alto demais.

O dólar em alta sem dúvida reflete também instabilidades na economia mundial. Mas a discrepância da desvalorização da moeda brasileira e a de países equivalentes indica um crescente descrédito na capacidade do governo e do Brasil de pagar suas contas.

Não é outro o sentido da elevação das taxas de juros, movimento em parte associado ao do dólar.

Em suma, o Brasil, seu governo e suas empresas são considerados um risco cada vez maior para os investidores, o que começa a tornar róseos os cenários de apenas estagnação em 2016.

Esse é o resultado direto das ações disparatadas do governo Dilma Rousseff, das notícias de que o plano de ajuste foi praticamente abandonado e, enfim, do rumor de que sua administração voltaria a ser conduzida pelas ideias que causaram o presente drama.

Caso continue a demonstrar descaso pelo tumulto que tem gerado, maior o risco de provocar um colapso, uma crise financeira aguda e uma recessão ainda mais desastrosa do que ora se imagina.



loading...

- A Crise Hipotecária Pormenorizada
Todo o problema iniciou-se em meio à ultima recessão americana, que data do inicio dos anos 2000. Ficou convencionado que recessão é definida pelo crescimento negativo do produto de um país por dois ou mais trimestres, sendo que se esta recessão...

- Comentário A Oreiro E De Paula - 3
A questão fiscal nos traz para a tese dos autores acerca do motivo por trás das elevadas taxas de juros no Brasil. Segundo eles,  a razão fundamental para a persistência de um juro real tão elevado deve-se, em parte, ao fato de que nosso país...

- O Governo Rendeu-se.
Leio na FOLHA editorial sobre os rumos da política econômica neste final de 2013 e início de 2014. E destaco que, lamentavelmente, o mundo dos políticos é muito diferente do nosso mundo.    Muito a contragosto, o governo rendeu-se...

- Ressaca Monetária.
Editorial da FOLHA e a ressaca monetária. E as previsões são pessimistas para o que vem por aí. E ainda estamos em 2013... Dólar sobe no mundo todo após anúncio de reviravolta do Fed, e efeito no Brasil se agrava com as deficiências da política...

- Deflação
Desde o início da crise financeira internacional em 2008, os Bancos Centrais das economias desenvolvidas estão empenhados em evitar que a deflação, ou seja, uma queda generalizada de preços, se estabeleça, em decorrência da insuficiência de demanda...



Economia








.