Economia
O governo rendeu-se.
Leio na FOLHA editorial sobre os rumos da política econômica neste final de 2013 e início de 2014. E destaco que, lamentavelmente, o mundo dos políticos é muito diferente do nosso mundo.
Muito a contragosto, o
governo rendeu-se às críticas de que sua política econômica conduziria o país a
uma crise grave.
Premido pelo esvaziamento de seus cofres, rendeu-se ao fato de
que não pode continuar a gastar como nos primeiros anos de Dilma Rousseff.
Acuado pelo risco de
fracasso das privatizações de serviços públicos, rendeu-se à necessidade de
reformular os leilões de concessão.
Rendeu-se ainda à
necessidade de dar combate direto à inflação, e a taxa básica de juros voltou a
subir. Rendeu-se ao descrédito e malogro de sua política de controlar preços,
diretamente ou por meio de desonerações de impostos, embora os desarranjos
ainda permaneçam, maquiando e reprimindo artificialmente a inflação.
O esgotamento do arsenal
de medidas de estímulo econômico e de intervenção em preços e rendas não
resultou em progresso nem segundo os critérios do governo.
A presidente e seus
ministros diziam no início de 2011 que a economia cresceria a 6% ao ano;
mudaram para 4,5% em 2012. No final do ano passado, acreditavam em expansão de
4% neste 2013. Na média anual, o PIB do triênio não terá avançado mais de 2%.
Seria difícil ter crescido
muito mais que isso, sob qualquer governo. No início dos anos Dilma, o país
tinha de lidar com os problemas da crise mundial, os excessos do final da
gestão Lula, os efeitos de quase meia década de inércia reformista, entre
outros obstáculos.
Mas é lamentável que o
triênio tenha sido perdido em tentativas pueris de estimular a economia no
curto prazo, como se o país estivesse pronto para deslanchar.
Impressionado pelas ruas,
pelo descrédito internacional, pelo aumento das taxas de juros no mercado
doméstico, o governo cedeu. Até sua estimativa de crescimento é mais modesta
para 2014: "melhor que o deste ano", apenas.
Ainda assim, não se
percebe atitude positiva do governo. Desistiu de acumular equívocos, mas não
deu provas de que vai reformular de modo decisivo sua política. Se por mais não
fosse, 2014 é ano de eleição. Convém não fazer marolas, não desagradar nem a
comunidade financeira nem o eleitorado.
Seria ingênuo, pois,
reivindicar que fizesse logo o ajuste necessário para o país retomar ao menos o
caminho da normalidade, tendo, assim, condições de refletir sobre alternativas
de desenvolvimento.
Normal seria o governo ao
menos controlar sua dívida. Desistir de reprimir preços --arbitrariedade que,
por exemplo, avaria a mais importante empresa do país, a Petrobras. Normal
seria o realismo tarifário no setor elétrico, nos serviços públicos a conceder;
seria a redução de subsídios caríssimos a empresas, por meio do BNDES.
Trata-se de uma proposta
muito modesta, nada além de um primeiro e pequeno passo para que o Brasil se
habilite a planejar e modificar o seu futuro, nublado por três anos de
imediatismos simplórios e, obviamente, ineficazes.
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