O comportamento das nossas vendas externas foi fator determinante no ciclo expansivo iniciado no ano de 2004, o mais longo desde a crise do endividamento externo nos anos oitenta. Com uma taxa anual tão elevada de expansão, as exportações puxaram para cima o ritmo de crescimento do PIB em todos os anos desde 2003, com a notória exceção do ano de 2009, marcado pelos efeitos da crise financeira internacional sobre o fluxo do comércio mundial. (Ver gráfico 1).Fonte: MDIC-SECEX
RegiõesMenos conhecidas são as trajetórias das exportações regionais ao longo da década. O gráfico 2 a seguir apresenta os índices acumulados de crescimento do valor das exportações das regiões brasileiras ao longo da primeira década do século, comparando com a média trienal 1999-2001. Todas as regiões registraram crescimentos superiores a 10% ao ano, durante esse período.A região Centro-Oeste mereceria uma análise à parte, tendo apresentado taxas anuais de crescimento do valor exportado acima de 20%, multiplicando 7,3 vezes as suas exportações no período. O comportamento das exportações do Centro-Oeste foi tão extraordinário que, em 2009, quando as exportações brasileiras recuaram 22,7%, naquela região a retração se limitou a 0,4%. Note-se no gráfico que a inclinação fortemente ascendente da curva do Centro-Oeste obscurece mesmo os índices também muito elevados das demais regiões.As exportações da região Nordeste, representadas pela linha tracejada, alcançou o índice de 412 em 2010, bem acima da média brasileira de 378. Nesta comparação entre a média trienal de 1999-2001 e o ano de 2010, as exportações nordestinas apresentaram taxa anual de expansão de 15,2%. As regiões de maior participação nas exportações brasileiras, o Sudeste (58%, em 2010), e, notadamente, o Sul, (18,6%, em 2010) tiveram crescimento abaixo das regiões com menores participações.Fonte: MDIC-SECEX
PreçosUm outro aspecto interessante é o comportamento do preço médio das exportações nordestinas. Analistas têm destacado o comportamento favorável dos preços dos produtos exportados brasileiros na última década, em grande parte por conta intenso crescimento da demanda por alimentos e minérios no mercado mundial. Pouco tem se observado, todavia, sobre o valor médio das exportações das regiões brasileiras.No gráfico 3, a seguir, apresenta-se uma medida grosseira do valor médio das exportações do Brasil e do Nordeste entre 2001 e 2010, dividindo-se o valor total das exportações pelas toneladas embarcadas. Evidentemente, tal indicador pode, com freqüência, se revelar traiçoeiro, principalmente por que, no período, verificaram-se importantes mudanças na composição da pauta exportadora, tanto do Brasil, como do Nordeste. Estudos mais apurados podem fazer os ajustes necessários. Feitas estas observações, é fácil perceber como o preço médio por tonelada exportada apresentou crescimento sustentado ao longo da década, tanto para o Brasil, quanto para o Nordeste. No caso desse último, o valor das exportações por tonelada pulou de US$ 326, em 2004, para US$ 595, em 2008.
É curioso observar que o valor médio não caiu em 2009 para as exportações nordestinas, em plena conjuntura de crise, diferentemente do que ocorreu nas exportações totais brasileiras. Em 2010, o valor médio das exportações brasileiras esboçou uma reação, enquanto a média nordestina despencou. Tal queda, aparentemente contraditória em um ano de recuperação dos preços no mercado internacional, se deveu quase integralmente ao peso que as exportações de minérios, produtos de baixo valor por peso contido, ganhou na pauta exportadora nordestina naquele ano.Fonte: MDIC-SECEXAinda que o comércio exterior tenha um peso muito menos importante para a economia do Nordeste do que para a média do país, o coeficiente de exportações da região é cerca da metade do nacional, a região participou de forma significativa do impulso exportador brasileiro dos últimos anos. No próximo artigo, examinam-se os principais mercados e a composição desse crescimento.