Ricardo Lacerda
As exportações sergipanas finalmente se recuperaram de forma robusta em 2012, depois de terem sido fortemente atingidas pela crise financeira internacional de setembro de 2008. Muito dependentes do desempenho das vendas de suco concentrado de laranja, as exportações sergipanas se ressentiram profundamente da baixa cotação do produto no mercado internacional. O preço médio da tonelada exportada por Sergipe de suco concentrado de laranja em 2009 caiu a menos da metade da cotação de 2007. Porém, desde meados de 2010, o preço do produto apresentou notável recuperação no marcado internacional, criando estímulo para a retomada das exportações sergipanas.
Entre janeiro e maio de 2012, as exportações sergipanas alcançaram US$ 66 milhões, frente aos US$ 38,6 milhões do mesmo período de 2011, uma expansão de 71%. Nos doze meses completados em maio de 2012, as exportações sergipanas somaram US$ 149,8 milhões, o mais alto resultado alcançado para o período e 63% superiores aos US$ 91,7 milhões dos doze meses completados em maio de 2011, superando ainda em 13% o recorde anterior, de maio de 2008 (ver Gráfico 1).
Fonte: MDIC/SECEX
A elevação das exportações sergipanas em 2012 se deve quase que exclusivamente à forte expansão das vendas externas de suco de laranja, posto que outros produtos importantes na pauta de exportações sergipanas, como açúcar e calçados, apresentaram queda no valor exportado.
Instabilidade
As exportações de suco concentrado de laranja (FCOJ) responderam por 57% das exportações sergipanas dos doze meses completados em maio de 2012. Incorporando outros formatos de sucos de laranja e derivados da laranja, o percentual alcança 2/3 das exportações totais do Estado. Em anos muito ruins para as exportações de laranja, essa participação cai para cerca de 30%.
A dificuldade reside na forte instabilidade na cotação do produto no mercado internacional, como mostra o Gráfico 2 que apresenta a cotação mensal em dólar constante e dólar nominal entre 1967 e o início de 2012 nos Estados Unidos. Problemas climáticos (geadas e furacões) na Flórida, restrições sanitárias e oscilações na demanda associadas a fatores conjunturais produzem grande impacto na cotação internacional do bem.
Retomada No Gráfico 3, são apresentadas as evoluções do volume e do preço médio da tonelada das exportações sergipanas de suco concentrado de laranja no acumulado de doze meses. A produção de suco concentrado de laranja (FCOJ) de Sergipe é inteiramente destinada às exportações, o que permite associar o volume exportado à quantidade produzida (descontando as variações de estoque). Há uma natural defasagem temporal entre as variações na cotação de um produto beneficiado de bem agrícola e a resposta de sua oferta.
No Gráfico, é possível perceber vários episódios dessa defasagem: quando o preço médio de doze meses se estabilizou no final de 2007, o volume exportado continuou em ascensão por alguns meses; a redução na cotação somente se traduziu em intensa queda no último trimestre de 2008. Movimento inverso ocorreu a partir do segundo semestre de 2010, quando os preços registraram notável recuperação, mas a quantidade exportada iniciou uma forte escalada a partir de meados de 2011, na série de doze meses.
Fonte: MDIC/SECEX
Como é possível observar no Gráfico 2, a cotação do suco concentrado de laranja permanece em patamar elevado no início de 2012, com alguns sinais de descida que podem se acentuar com o agravamento do cenário econômico internacional. O surgimento de novos mercados que vem compensando parcialmente o declínio de longo prazo no consumo americano é um alento para as empresas do setor, mas a conjuntura é de incerteza.
Publicado no Jornal da Cidade em 10/06/2012