Para exemplificar como as disparidades regionais de renda vêm diminuindo, basta observar que a renda per capita familiar do Nordeste, em 2001, representava 43% da média do Sudeste, segundo estudo da FGV. No caso de Sergipe, o movimento de convergência foi mais rápido do que o da média da região Nordeste, passando de 44% da renda per capita do Sudeste, em 2001, para 62%, em 2009.O ritmo de convergência dos indicadores tem acelerado nos últimos anos, ainda que haja muito terreno pela frente até estreitar tais disparidades a níveis civilizados. No artigo de hoje, será examinado um aspecto dos mais interessantes deste processo de convergência: a evolução do emprego formal nas regiões brasileiras.
Emprego formalEntre 2000 e 2009, o número de brasileiros com emprego formal aumentou 57%, com uma expressiva taxa de incremento anual médio de 5,1%, passando de 26,2 milhões para 42,2 milhões de pessoas. O ritmo de geração de emprego formal se intensificou a partir de 2004, fazendo com que a taxa de crescimento anual médio tenha subido para 5,7%. Os dados são do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego
Nas regiões mais pobres, Nordeste, Norte e Centro- Oeste,a geração de emprego formal foi mais acelerada do que nas regiões de rendas per capita mais elevadas, o Sudeste e o Sul. Desde 2004, o emprego formal cresceu anualmente, em média, 8% na região Norte, 6,5% na região Nordeste, 5,9% no Centro-Oeste, frente às taxas de 5,4% na região Sudeste e 5,1%, na região Sul.
InversãoA geração mais intensa de emprego nas regiões mais pobres provocou mudançasnão desprezíveis nas participações no total do emprego formal no país. Entre 2000 e 2009, a participação da região Sudeste caiu 2,3 pontos percentuais, passando de 53,5% para 51,2%, a região Sul teve um pequeno recuo, de 17,6% para 17,2%, enquanto as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste aumentaram seus pesos.Nesta trajetória, a região Nordeste superou, desde 2006, a região Sul no que se refere ao contingente de pessoas com emprego formal. Em 2009, o Nordeste já representava 18% do total de emprego formal do Brasil, contra 17,2% daquela região. (Ver gráfico 1). O número de pessoas com emprego formal no Nordeste saltou de 4,4 milhões em 2000, para 7,4 milhões, em 2009, enquanto na região Sul este montante passou de 4,6 milhões para 7,1 milhões.Fonte: RAIS-MTESetorial
Um aspecto significativo da evolução do emprego na região Nordeste em relação à média do país reside no fato de que a taxa de crescimento da região foisuperior em quase todos os segmentos econômicos. No período 2000-2009, o crescimento do emprego formal no Nordeste somente ficou abaixo da média nacional no segmento de Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP) que abrange os serviços de fornecimento de saneamento, energia e telecomunicações. (Ver gráfico 2). Enquanto o crescimento total do emprego formal no Brasil alcançou 57%, o do Nordeste foi de 70%, treze pontos percentuais acima. Entre os setores de maior peso no emprego, a diferença favorável ao Nordeste atingiu 15 p.p. nos serviços, 17 p.p. no comércio, 11 p.p. na administração pública. Na indústria de transformação, a diferença alcançou notáveis 18 pontos percentuais.Fonte: RAIS-MTE
2010
O Nordeste continuou criando emprego em ritmo mais acelerado do que a média do Brasil no período mais recente. No ano de 2010, em que a geração de empregos formais bateu recorde na série do CAGED-MTE, com 2.136.947 novos postos de trabalho no país, a região Nordeste respondeu por 17,9% do total,equivalentes a 382.050 novas vagas, muito acima dos 14,6% da média da região para o período 2003-2009.A geração do emprego formal na última década representa uma das dimensões mais representativas do ciclo recente de crescimento da economia brasileira. É sintoma de um conjunto de políticas públicas nacionais e regionais que tiveram maior impacto relativo nas áreas mais pobres do país.