Ricardo Lacerda
O IBGE publicou na última sexta-feira, com a usual defasagem de quase dois anos, as contas regionais referentes ao ano de 2012. O PIB sergipano somou R$ 27,2 bilhões, dos quais cerca de 2/3 (66,9%) do valor adicionado bruto ou R$ 16,4 bilhões correspondem a riquezas geradas no setor de serviços, 28,9% ou R$ 7,1 bilhões no setor industrial e apenas 4,2%, ou R$ 1,03 bilhão no setor agropecuário.
Em relação ao ano anterior, o PIB sergipano cresceu 3,6% em 2012, puxado pela expansão da atividades industriais que apresentaram incremento de 5,6%, seguidas pelas atividades de serviço, 3,0%, enquanto o setor agropecuário, ainda penalizado em 2012 pela longa estiagem, recuou 6,8%, somente se recuperando no ano de 2013.
Construção civil e serviços
O principal destaque no PIB de 2012 foi o setor de construção com notáveis 12,8% de incremento. Em uma perspectiva de prazo mais longo, cabe assinalar que o setor de construção civil no estado apresentou desempenho extraordinário entre 2005 e 2012.
O chamado consumo aparente de cimento, diferença consolidada entre o que é produzido localmente e o que é enviado para os demais estados ou exportado, saltou de 222 mil toneladas, em 2005, para 646 mil toneladas, em 2012, o que equivale a um incremento médio de simplesmente 16,5% ao ano. Em 2013, o consumo aparente de cimento recuou para patamar próximo ao de 2011. Ainda assim, o consumo de cimento em Sergipe em 2013 foi 2,7 vezes o consumo verificado em 2005 (ver Gráfico 1).
Gráfico 1. Consumo aparente de cimento portland em Sergipe. 2013-2013
(Em mil toneladas)
Fonte: SNIC. Sindicato Nacional da Indústria de Cimento
A nova dimensão alcançada pela construção civil no estado pode ser percebida pelo salto do emprego com carteira assinada de 13.484, em 2005, para 29.872, em 2013, quase tres vezes mais.
A indústria de transformação também apresentou em 2012 crescimento muito acima da média histórica dos últimos anos, incremento de 9,5%.
Entre as atividades de serviços, aquelas que apresentaram crescimentos mais elevados no ano de 2012 foram o comércio, 6,4%, transporte e armazenagem, 6,2%, e as atividades financeiras, 5,4%. O setor público, que respondeu por 27% do valor adicionado naquele ano, registrou crescimento modesto, de 2,0%.
Trajetória
A expansão do PIB sergipano em 3,6%, mais de trez vezes superior ao 1% do incremento do PIB nacional de 2012, apenas confirmou a tendência mais longeva.
Nos últimos dez anos, a economia sergipana vem registrando expansão mais rápida do que a média do país, tanto nos períodos de intensa expansão da economia nacional, quanto nos anos marcados pela desaceleração econômica, como os mais recentes.
Em oito dos dez anos contados entre 2003 e 2012, a economia sergipana cresceu em ritmo superior à média nacional. No período, a taxa média de crescimento do PIB sergipano alcançou 4,5% ao ano, frente aos 3,6% da média nacional.
São Paulo
As contas regionais de 2012 confirmaram a tendência de desconcentração da atividade econômica no território brasileiro, notadamente a queda de participação da região mais rica, o Sudeste, e do estado mais rico, São Paulo, no total da riqueza produzida no país.
Na comparação entre 2002 e 2012, as regiões mais ricas, Sudeste e Sul, perderam respectivamente, 1,5 e 0,7 ponto percentual de participação, enquanto as regiões mais pobres, Nordeste, Norte e Centro-Oeste, aumentaram suas participações em 0,6 pp nos casos das duas primeiras, e 1pp no caso do Centro-Oeste. Entre os cinco estados de maior participação na riqueza nacional (São, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná) apenas Minas Gerais aumentou seu peso no PIB, enquanto os outros quatro perderam participação.
O Gráfico 2 mostra a trajetória de perda de participação de São Paulo, o estado mais rico da federação, no total do PIB nacional. Entre 2002 e 2012, aquele estado perdeu 2,5 pontos percentuais de participação. É importante destacar que a queda de participação foi acentuada a partir da crise financeira internacional de 2008 que afetou mais diretamente os estados que possuem maior base industrial.
Finalizando, destaque-se também que Sergipe manteve em 2012 o PIB per capita mais elevado da região Nordeste, seguido por Pernambuco e Rio Grande Norte.
Gráfico 2. Participação de São Paulo no PIB nacional. 2002-2012. (%)
Fonte: IBGE. Contas regionais 2012. Extraído da apresentação das contas regionais de 2012.
Publicado no Jornal da Cidade, em 16/11/2014
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