Recentemente (nem tanto) saiu na imprensa uma foto tirada de um cidadão exemplar urinando na catedral Santa Maria Del Naranco na Espanha, um patrimônio da humanidade (foto aqui). Bonito hein? Uma pena a foto não ter mostrado o cara de frente após o feito pra irmos todos agradecer o bem que ele fez pra todos nós.
As pessoas hoje em dia não respeitam mais nada, é o típico caso de: não é meu não preciso cuidar. Eu duvido que se esse sujeito estivesse assistindo um Real x Barça ali mesmo, perto de Oviedo, e com preguiça de ir ao banheiro faria suas necessidades na parede da sala, afinal, não pode perder a chance de ver os dribles do Ronaldinho, Messi e companhia. Mas porque os indivíduos pensam assim, “no dos outros pode e no meu não”? Racionalidade. Não que seja racional destruir um patrimônio da humanidade, mas ele será muito menos prejudicado se fizer o que fez na catedral do que em casa. Uma pena, porque esse sujeito deveria estar agora não entre Messi ou Ronaldinho, sentado na sala comendo pipoca e mandando sua mulher lhe trazer mais cerveja, ele devia estar tomando um belo banho entre o Escobar e o Jesús na penitenciária de Oviedo,e daí você já deve saber como é, deixou a coisa errada cair, ferrou! Toda essa palhaçada explicitada acima tem um fundo teórico baseado no principio de incentivos.
Quando estudamos Teoria da Informação, vemos que gerar incentivos ajuda a amenizar diversos problemas entre as partes envolvidas numa negociação, como em casos de fechamento de contratos de trabalho (quando, por exemplo, o empregador não tem informação completa sobre o possível futuro empregado, assim, ele tem que confiar naquilo que está sendo dito, caracterizado assim o problema de assimetria de informação). Para acabar com problemas como esses tem de ser gerado algum tipo de incentivo. No caso do nosso amigão ali, como ele tinha incentivos fortes a fazer o que fez, pois acreditava que a chance de ser pego era pequena, ele o fez. Por isso, analogamente, no Brasil pessoas fazem o que querem muitas vezes não ligando muito pro que pode acontecer por que sabem que nada vai acontecer. O tal incentivo que eu falo é a punição, sujeitos, racionais, não fariam uma coisa sabendo que teriam muita chance de serem condenados de alguma forma. Essa frouxidão na punição de algo errado faz com que vivamos hoje nessa selva.