Economia
Regional Economic Outlook:Western Hemisphere - April 2008 - Parte 2
Em seguimento ao exposto na semana passada, trago aqui a segunda e última parte da análise do FMI sobre a América Latina e Caribe. Há de se ressaltar que o foco principal da abordagem do blog Economia Prática diz respeito à América do Sul, onde está localizado o nosso país. Cada informação cedida, terá um comentário no mesmo parágrafo, como podem ver.
Segundo o documento, a tendência de redução do valor das commodities e do fluxo de capital externo aos países da América Latina, em conjunto com um aumento sobremaneira das importações – pela força da demanda interna - acarretará em déficits em conta corrente até o final do ano (por exemplo, no Brasil). Na página 8 do documento, você pode visualizar um gráfico mostrando a evolução dos preços das principais commodities (petróleo, cobre e soja) com base no ano 2002. Quem passa por dificuldades quando do aumento do valor das matérias-primas são os países da América Central, mormente pela sua dependência dos alimentos vindos do exterior, o que gera pressões inflacionárias grandiosas e afeta diretamente a camada mais pobre da população. Conforme dito acima, os fluxos de capitais direcionados à América Latina aumentaram, entretanto, com direcionamento praticamente exclusivo ao setor de recursos naturais ou de operações de carry-trade. Pela entrada de dólares, ao menos, por iniciativa dos BCs, fazem-se reservas de moeda “forte” (quase de US$ 500 bilhões de dólares, em se tratando de América Latina). Contudo, todo esse capital ainda está rendendo de forma medíocre na compra de títulos norte-americanos, atualmente, nem um pouco rentáveis. A idéia de um fundo soberano então, nunca saiu da falácia política.
Em relação ao crescimento do PIB da LAC, as estimativas são de 4.4% para 2008 e 3.6% em 2009, em cotejamento com o ocorrido em 2007 (5.6%). A expansão de níveis históricos foi guiada, principalmente, pelo consumo privado – favorecido pela maior produtividade e fácil acesso ao crédito -, o qual impulsionou a valorização real dos salários e a queda do índice de desemprego da PEA. No que diz respeito às tendências comerciais, vê-se que com a desaceleração da economia norte-americana, países da América Latina e Caribe, recipientes de grandes volumes de remessas, ver-se-ão prejudicados gravemente, visto que os principais trabalhadores emigrados para os Estados Unidos são destinados à construção civil, que está muito comprometida até o momento pela desvalorização de todos os tipos de edificações (casas ou prédios comerciais).
No caso da inflação, beirando os 6% em 2007 em toda a região (com algumas exceções como na Bolívia, Costa Rica e Nicarágua – 22%), indica forte preocupação. Como tratado em texto anterior do presente blog, os principais algozes são os alimentos e o petróleo. Além disso, conta-se a pressão advinda pelo aumento do poder de compra dos salários internamente. Para combater esse “problema”, alguns BCs estão aumentando a taxa de juros da dívida pública para desviar recursos dos empréstimos de consumo para a renda fixa, ou mesmo os governos de tendência populista estão concedendo políticas administrativas de distribuição de “bolsas”, com impacto direto na questão de equilíbrio fiscal. Veja-se que a solução real vai, muito além, por exemplo, com a descentralização de a capacidade produtiva alimentar das nações: Brasil, Austrália, Argentina, Estados Unidos e União Européia em direção ao continente africano.
Tangente à questão fiscal, espera-se uma diminuição do ritmo de crescimento das economias latino-americanas (acompanhado da manutenção das receitas pelo receituário tributário atroz), enquanto as despesas primárias, destinadas à sustentação da máquina pública – não investimentos -, exibem perspectiva de considerável aumento no decorrer de 2008. Segundo gráficos constantes na pág. 20, caso o comércio de commodities arrefeça, em geral, os países da LAC estarão apresentando déficits em conta corrente. O caso do Brasil é claro nesse sentido, como pode ser visto na mídia.
Desta vez, foi feito de forma sucinta o apanhado sobre o documento regional do FMI sobre as Américas. Fato esse que sublinha a repetição de alguns assuntos tratados na edição de novembro de 2007 e, que pela sua difícil explanação em termos práticos, coloca o leitor em situação um pouco escabrosa. Ressaltamos as preocupações do momento como: inflação alta, déficits nas relações internacionais (seja conta de capital, de comércio ou serviços) e problemas na política fiscal no curto prazo.
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