Regional Economic Outlook - Western Hemisphere - October 2008 - visão panorâmica
Economia

Regional Economic Outlook - Western Hemisphere - October 2008 - visão panorâmica


Recém retornei de uma viagem à cidade de Vancouver, província de BC (British Columbia), Canadá, na qual tive a oportunidade de complementar os meus estudos em relação à língua inglesa, visto que não somente pelo futuro site Economia Prática, mas também pelos meus anseios profissionais, é indispensável construir uma base forte neste sentido. Além disso, não menos importante, pude interagir de forma concreta com pessoas advindas de diversas partes do mundo (Japão, Coréia do Sul, Alemanha e Canadá) e estabeleci contatos direcionados a fomentar a idéia de opinião globalizada em nosso sítio econômico. Apesar de estar constantemente ocupado com as atividades colegiais, não esqueci nem por um momento dos assuntos econômicos, de forma que exponho aqui um resumo do analisado pela equipe do FMI no último documento sobre as Américas, disponível para download em http://www.imf.org/external/pubs/ft/reo/2008/WHD/ENG/wreo1008.pdf, em inglês. Vejamos.

No capítulo I do presente documento, focam-se em dois países basicamente: EUA e Canadá. Iniciando-se pelos EUA, verifica-se que o desemprego aumentou (pela redução da atividade de construção civil) e, conseqüentemente, o nível das remunerações aos trabalhadores apresentou queda desde janeiro do corrente ano, mesmo com a participação estatal massiva no mercado de capitais e na economia real – injeção de capital, “recapitalização”, em instituições bancárias, diminuição das restrições aos empréstimos interbancários via seguro dos depósitos, compra de ativos privados (1). Há preocupação no que diz respeito às condições fiscais, visto que além dos projetos passados, existe possibilidade de maiores aplicações de capital na economia, gerando instabilidade (e.g, inflação) e majoração da dívida total americana. Como produto desta convulsão assinalada (2), deve-se prestar atenção à regulação do sistema financeiro posterior ao crash. Por parte do Canadá, verifica-se impacto negativo da crise mundial nas receitas comerciais. Na região Oeste, intensiva na economia extrativa -commodities -, províncias de British Columbia (silvicultura) e Alberta (minérios e extração petrolífera); na região Leste, concernente às atividades industriais (províncias de Quebéc e Ontário). Tangível e surpreendente é a constatação de que a desaceleração da atividade econômica não se traduziu em redução salarial nominal; contudo, via desvalorização do dólar canadense, o consumidor perdeu poder de compra (importados).

Tendo em vista o capítulo II têm-se uma abordagem congruente sobre a América Latina. Houve crescimento robusto nos últimos cinco anos, principalmente, pelos preços atraentemente altos das commodities e pelo desenvolvimento industrial paulatino que se identificava na região. Além disso, podia-se sublinhar o comprometimento no controle da inflação e do equilíbrio fiscal, mesmo que os gastos continuem superando as receitas de forma geral. No presente momento no qual o mundo está em convulsão, o crédito está escasso tanto para consumo como investimento, fato que corrobora a desaceleração da atividade econômica, diminuindo o preço das matérias-primas, concomitante à manutenção dos índices de preços. A seqüência lógica exposta anteriormente seria plausível se as políticas monetárias e fiscais aplicadas na região não fossem tão irresponsáveis, abrindo as torneiras dos BCs (diminuição do compulsório, empréstimos a taxas de juros reduzidas) e dos cofres públicos em geral, por meio de pacotes fiscais sem propósito específico. Apesar do problema no preço dos alimentos estar em segundo plano no momento, o documento exemplifica situações registradas no México e Nicarágua no intuito de assinalar o risco ao equilíbrio social quando a pobreza e a fome estão interligadas em definitivo e medidas para combatê-lo, seja por modificações das quotas de importação, redução dos tributos incidentes, pacotes sociais de assistência ou até subsídios. Abrangência é a palavra-chave neste sentido.

Sendo a sigla FMI descrita como Fundo Monetário Internacional, é indubitável a menção do tema inflação em um capítulo em separado. Depois de um início que explica os modelos a serem utilizados (pág. 32 e 33), há o debate acerca dos motivos potenciais dos elevados índices de inflação, tais como: aumento dos preços dos alimentos e do petróleo, os quais, por sua vez, pressionam a capacidade produtiva potencial, cujo limite está praticamente alcançado, enquanto a demanda continua resiliente. É padrão utilizar a política de juros para diminuir o consumo, entretanto, em um cenário de recessão global, não é possível executar tão facilmente tal medida, haja vista o que ocorre nos EUA. O grande obstáculo ao equilíbrio monetário será a participação imperativa e não momentânea da política fiscal, com sua conseqüente colaboração para o aumento da dívida interna e externa dos componentes do bloco.

Em continuidade do subtópico “política fiscal”, o capitulo IV aborda as opções daquela para enfrentar o problema da inflação dos alimentos, a qual atinge diretamente os trabalhadores de baixa renda, visto que consomem maior fração de sua renda para tal. Como medidas aplicadas pelos governos dos países latino-americanos, apontam-se: i) redução das taxas de importação; ii) subsídios; iii) programas sociais; iv) controle de preços; v) restrição ao comércio; vi) investimento à produção de alimentos, via linhas de crédito; vii) aumento artificial dos salários. Dentre estas medidas, segundo pesquisa realizada tendo como base Nicarágua e México, a que foi considerada mais efetiva foi, em ambos os países, a estabilização de uma rede de seguridade social, aos moldes do nosso Bolsa Família. Infelizmente, a construção desse sistema não acontece instantaneamente, o que leva à necessidade da aplicação de uma segunda melhor medida, seja ela a redução de impostos ou subsídios aos preços, cujo efeito é temporário.

Deixando de lado o estudo feito no capítulo V sobre a vulnerabilidade das empresas aos choques cambiais, passamos ao VI, o qual discute as condições para aumentar o investimento na América Latina no longo prazo, com o intuito de alcançar os outros países em desenvolvimento no que tange aos índices de crescimento. Apesar dos investimentos estarem crescendo segundo fatia do PIB, ainda se constata que há diversos pontos fracos em nossa estrutura macroeconômica, tais como: inflação persistentemente acima das metas estipuladas pelos BCs na maioria dos países da LAC; custo do crédito ainda em níveis estratosféricos (isto em clima financeiro instável que tende a ser mais nocivo); total descontrole das atividades de comércio, sendo vítima de um carrossel de superávits e déficits, dependendo do humor global. Afora estes indicadores, ressaltam-se as preocupações com o pequeno empresário, o qual é desafiado diariamente na sua luta por empréstimos com taxas de juros racionalmente ajustadas, visto que o seu risco é maior comparado ao de uma multinacional, por exemplo. Ademais, reformas institucionais que facilitem à comunicação entre os bancos e as companhias, de forma a assegurar uma relação de mútuo controle, sendo base capital da eficiência processual que é diminuta em nosso país.

Frente ao exposto, é de fato complicada a situação enfrentada pelas Américas no que tange à crise financeira global, visto que ela acarreta em redução do crédito para o investimento e consumo, desvalorização cambial, crise no balanço de pagamentos e convulsões sociais via canal inflacionário. Cada país enfrenta, individualmente, uma miríade de problemas estruturais (relacionados com infra-estrutura, por exemplo) - além de educação, saúde - os quais, definitivamente, influenciam no crescimento pífio das economias das quais fazemos parte e são peça fractal que colabora no direcionamento de capitais para criação de empregos e negócios em outros continentes, e não aqui.



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