Economia
REAL, moeda forte.
Após o grande período de instabilidade econômica e balbúrdia perante o sistema financeiro internacional, condizente à eleição do presidente Lula, o Brasil vem registrando a valorização paulatina de sua moeda perante o dólar. Como o processo vem desde 2003, os superávits em conta corrente perduram, inclusive, registrando recórdes, o qual é sinal positivo para as agências que julgam a segurança de um país como destino de IED (Investimento externo direto) e que impetram a definição de "investment grade" - salientado em outro texto do presente blog.
A sorte foi a de que, a variação registrada nos preços das exportações foi de 37% e a queda do câmbio efetivo real foi de 26%, considerando-se o período de 2003-2006. Notar gráficos para entender a variação de preços em alguns setores específicos, no link http://www.revistacustobrasil.com.br/pdf/07/ART%2003.pdf, pertencente à Revista Custo Brasil. É interessante também ler a reportagem contida no hiperlink supracitado, na íntegra.
Infelizmente, para nosso país, o sustentáculo dos superávits está restrito ao preço das commodities, principalmente, o milho - com variação de 48,7% - e a soja - com variação de 32,6% - considerando-se a retração da moeda norte-americana da ordem de 10,7%. Enquanto que, países como a China e a Índia procuram investir pesadamente em tecnologia - serviços e produtos de alto valor agregado. O Brasil, ao contrário, patina em um ensino retrógrado, o qual é um dos aspectos que acarreta em uma produtividade geral dos fatores ridícula, conforme mostrado nos últimos documentos do FMI (tem de vender celulose e produto primário mesmo, é o que resta).
Corroborando o estado das coisas, e sendo mais um paradoxo específico do Brasil e países latino-americanos, a apreciação do câmbio não compensa a redução dos lucros e o nível de investimento agregado diminua na região como um todo. Se o pequeno e médio empreendedor não procura dignificar a sua fábrica com um toque de refino e eficiência externa, sobra para as multinacionais cumprir esse papel. Mas no panorama apresentado hoje em dia, é pequeno o interesse dessas empresas em deslocar sua matriz produtiva para cá, visto que o produto final será "relativamente" caro.
Enquanto o BC continua com sua política de expansão das reservas cambiais, o comércio exterior perece pela falta de interesse governamental, em especial, o setor industrial. Não adianta PAC (que seriam as paredes do crescimento do PIB, metaforicamente), quando as bases - reformas institucionais - não avançam. Algum dia, a casa cai. Talvez demore menos do que se espera.
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