Economia
O fardo do economista neoclássico - X
“Pelo que eu aprende no livro do Sicsu de economia monetária além dos outros que eles me indicaram e as conversas que tive com eles,mostra que seus argumentos sobre como deve ser ditada a economia brasileira estão errado (na minha opinião). Brasil cometeu erros na política cambial deixando o dólar se valorizar muito ,se a gestão a qual você participou do banco central tivesse impedido que o dólar se valorizasse muito não teríamos essa volitividade no cambio.O melhor remédio para essa volatilidade seria o banco central cortar mais o juros para desvalorizar o cambio e estimular as exportações ,ou fazer controle de capitais.
(se eu estiver errado por favor me corrigia,sou aberto a sugestões)”
Guilherme:
Para começar eu acho que você não pode aprender nada de bom no livro do Sicsú.
Se você quiser saber por que está errado, é só ler os
posts deste
blog, mas, para facilitar sua vida vou apenas lembrar que temos um exemplo muito próximo que seguiu exatamente a política que Sicsú, Beluzzo, Julinho, Pochmann e outros bambas do cretinismo econômica nacional sugeriram.
A Argentina manteve seu câmbio nominal desvalorizado, à custa de juros baixos (como você quer), controle de capitais (como você quer) e tributação sobre setores exportadores. Note-se que, pelo menos até recentemente, a Argentina tinha uma política fiscal de melhor qualidade que o Brasil: gasto menor, tributação menor, superávits mais elevados (comparando apenas os governos centrais), o que, neste aspecto, lhe dava uma vantagem.
Resultado: inflação de 25-30% ao ano, embora de fato não saibamos o número preciso porque o governo fajuta os índices. A economia cresce forte, é verdade, mas porque vem, desde 2004, ultrapassando todos os limites de segurança.
O desempenho das exportações não é melhor que o do Brasil e as importações crescem mais rápido que as exportações, assim como acontece por aqui, levando ao mesmo processo de redução do saldo comercial.
Mais: mesmo praticamente fixando o peso contra o dólar e, portanto, permitindo que o peso se desvalorizasse contra o real, a participação da Argentina nas importações brasileiras só cai, sugerindo que, em termos reais, o peso
NÃO está se desvalorizando face ao real, muito pelo contrário (é só pensar nas conseqüências de uma diferença entre as taxas de inflação da ordem de 18%-23% ao ano sobre a taxa real de câmbio).
Agora o BC argentino se vê obrigado a vender reservas (não como o BC brasileiro, que apenas as empresta), piorando a percepção de risco (na casa de 10% a.a., contra 2,5% para o Brasil).
As lições que ficam são óbvias:
1)
O BC não controla a taxa real de câmbio. Pode, no máximo, controlar a taxa nominal de câmbio, mas abrindo mão do controle da inflação;
2)
O que interessa para fins de conta corrente, desempenho de exportações, etc.,
não é a taxa nominal de câmbio, mas a taxa real (claro que outras coisas também, como termos de troca e demanda doméstica, mas certamente não a taxa nominal de câmbio);
Daí o motivo da completa e total irrelevância das recomendações da trupe acima. Não é só falta de conhecimento teórico. É também a recusa a simplesmente observar a realidade que os circunda.
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