NPTO escorrega em uma banana histórica
Economia

NPTO escorrega em uma banana histórica


Eu andei visitando o blog do NPTO (link), um raro intelectual petista que faz sentido na grande maioria de suas intervenções.

Mas ontem ele escreveu um post assustador sobre a questão da divisão das receitas de petróleo.

Relevando alguns outros erros lógicos espalhados, a frase dele que mais me tirou do sério, tamanha a distância de suas premissas de fatos que deveriam ser conhecimento comum de qualquer intelectual envolvido em políticas públicas no Brasil, está replicada abaixo. Escreveu ele:

É muito difícil de argumentar que os Estados são mais qualificados que o governo federal para promover um grande programa de desenvolvimento nacional. Isso acontece meio que por definição, mas há também o exemplo histórico: os grandes projetos de desenvolvimento nacional no Brasil foram tocados pelo governo federal. Vargas, os militares (por contraste, aqueles presidentes da república velha que, não, não é por acaso que você não lembra quem eram).

Ops, alguém cabulou aula de história do Brasil...

É possível argumentar que o mais bem sucedido projeto de desenvolvimento da história do Brasil e talvez da América Latina foi o projeto capitaneado pelo Estado de São Paulo, então dominado politicamente pelas elites plantadoras de café, no final do século XIX e começo do século XX (os primeiros anos da República).

Resumindo e simplificando um bocado, os cafeicultores do Oeste Paulista conspiraram para derrubar a Monarquia, federalizaram a receita dos impostos de [iXmXpXoXrXtXaXçXãXo] exportação de café e tendo controlado recursos substanciais no erário do governo estadual paulista, passaram a subsidiar a imigração européia em massa para garantir a oferta de braços para a expansão cafeeira. O resto da história não precisamos contar, todos sabemos.

Os preliminares da história são entretanto um pouco menos conhecidos: as estimativas de renda per capita na década de 1870 geralmente colocam São Paulo como mais pobre que não só o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mas também Minas Gerais, Pernambuco e Bahia; e aproximadamente no mesmo patamar do Maranhão.

Re-resumindo para aqueles com dificuldade de entender: (a) São Paulo nos 1870s era provavelmente mais pobre que a média do Brasil; (b) graças a um superior poder decisório de suas elites, conseguiu organizar um projeto de desenvolvimento tão espetacular que se tornou o estado mais rico, tão mais rico que o resto da Federação que hoje em dia é até difícil de acreditar que não tenha sido um estado rico desde há muito mais tempo.

Agora, finda a aulinha de História, voltamos ao NPTO... Ele escreveu parágrafos e mais parágrafos defendendo que o Rio de Janeiro mantenha a fatia leonina dos royalties do petróleo. Dizer que “os grandes projetos de desenvolvimento nacional no Brasil foram tocados pelo governo federal” não ajuda seu próprio argumento. Ou será que existe uma lógica oculta na argumentação?



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