O comércio exterior sergipano em 2010 (2)
Economia

O comércio exterior sergipano em 2010 (2)


Ricardo Lacerda


A análise do comércio exterior sergipano não deve perder de vista o peso limitado que essa atividade tem para o conjunto da economia sergipana, muito mais integrada nos fluxos comerciais internos do que a média dos estados da federação. Em 2008, o peso do Produto Interno Bruto (PIB) sergipano no total nacional era 6,7 vezes superior à participação do fluxo comercial externo de Sergipe no total brasileiro.
Importações
No período recente, o comercio exterior sergipano, soma das exportações e importações, atingiu seu ponto de máximo em 2008, quando atingiu US$ 315 milhões. Com a crise financeira internacional, as empresas sergipanas procuraram concentrar ainda mais as suas vendas no mercado interno, enquanto as compras externas também recuavam, fazendo com que o fluxo comercial de 2010, mesmo superior ao de 2009, tenha se situado 18,7% abaixo do verificado em 2008. O fluxo de compras de produtos importados vem se intensificando nos últimos meses, impulsionado pela valorização cambial e pelo aquecimento do mercado interno.

O gráfico 1, a seguir, apresenta os dados das importações acumuladas em doze meses, entre 2008 e 2010. Nesta série, as importações sergipanas chegaram ao ponto mais baixo no período pós-crise em janeiro de 2010. Em dezembro de 2010, as importações sergipanas haviam aumentado para US$ 179,8 milhões, 19,8% acima dos US$ 153,3 milhões de dezembro de 2009.


Fonte: MDIC-SECEX 
Produtos


Um aspecto importante no perfil das importações sergipanas é o de que cerca de 95% do total importado em 2010 são direcionados para a produção e apenas em torno de 5% seguem diretamente para o consumo das famílias. Isso não significa que o consumo de produtos importados pelos sergipanos seja muito baixo, por que parte expressiva dele pode estar sendo abastecido por empresas importadoras de outros estados, sendo transferida para Sergipe como vendas internas.

Naquele ano, os principais produtos importados eram o trigo, para a fabricação de pães e massas, o coque para a indústria de cimento e alguns tipos de insumos para complementar a oferta do nosso pólo de fertilizantes, além de insumos para a indústria têxtil. As maiores importações de 2010 foram realizadas, por ordem, por Fertilizantes Heringer, Moinho de Sergipe, Petrobras, Cimento Poty, Ematex, G. Barbosa e o estaleiro H Dantas.
As compras externas de insumos, os chamados bens intermediários, representaram 66,6% do total importado por Sergipe em 2010, dos quais 16% foram adquiridos pela indústria de alimentos, com destaque para o trigo, e o restante pelos demais setores industriais. A aquisição de máquinas e equipamentos externos, os chamados bens de capital, responderam por 28,3% do total importado.
A expansão da produção industrial de Sergipe ao longo de 2010 estimulou o aumento da aquisição de insumos importados. O valor dos insumos importados pelo setor produtivo aumentou de US$ 88 milhões, em 2009, para 119,8 milhões, em 2010, um incremento de 36%, com as compras de insumos para a indústria de alimentos tendo aumentado 25%, enquanto a compra de insumos para os demais setores industriais cresceu 38%.

O ciclo expansivo


Mesmo com pequena participação no conjunto das compras totais de Sergipe, as importações podem sinalizar o comportamento de variaveis importantes da economia. As importações de equipamentos e insumos refletem parcialmente o andamento do ciclo de atividade produtiva. Enquanto as variações das compras de insumos se relacionam com o nível de atividade produtiva e de consumo da economia, a evolução na aquisição de equipamentos retrata o comportamento dos investimentos.

As importações de de bens de capital pela economia sergipana passaram de US$ 21 milhões, em 2006, para US$ 29 milhões,em 2007, até alcançarem US$ 60,8 milhões em 2009. Em 2010, elas se situaram em US$ 50,8 milhões. (Ver gráfico 2). A aquisição de insumos produtivos também vem conhecendo uma evolução favorável, passando de US$ 69,6 milhões, em 2006, até atingir US$ 160 milhões, em 2008. Recuaram para US$ 88 milhões, em 2009, e, em 2010, atingiram US$ 119,8 milhões. Assim ao longo do período 2006-2010, as importações de bens de capital tiveram um incremento de 140%, e as importações de insumo, de 72%.
O comportamento das importações sergipanas no ano de 2010 apontam para a retomada do comercio exterior, depois do recuo em 2009 provocado pela desaceleraçaõ da atividade econômica. Em uma perspectiva de prazo mais longa, o crescimento nas aquisições externas de insumos e equipamentos espelha o ciclo de crescimento da economia de Sergipe.
Fonte: MDIC-SECEX



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             Publicado no Jornal da Cidade, em 23/01/2011


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