Existem diversos problemas relacionados à Estatística. Por exemplo, no cálculo de Paridade de Poder de Compra (Taxa de Câmbio que equilibra o preço do produto aqui no Brasil com preço do mesmo produto nos Estados Unidos, ou seja, P (BRA) = P (EUA) x CÂMBIO (R$/US$)). Deveríamos obter cestas idênticas de bens no cálculo do Índice de Preços de ambos países para poder calcular efetivamente aquela determinada cesta de bens. Isso porque, não nos interessa se o preço da camisa do Boston Red Sox aumentou de preço, porque ela não faz parte da nossa cesta de bens). Este é só um exemplo. Tem outro bem famoso em moda agora.
Argentina. Há quem diga, e temos boas indicações para isso, de que a inflação oficial documentada pelo Indec (IBGE deles) está subestimada, isto é, o valor apresentado (8,4%) é menor do que o que observamos. Um dos motivos para acreditarmos nisso já começa pela falta de credibilidade do Indec, que até hoje dá dados de 2000 como preliminares para algumas séries históricas. Outro motivo é que o deflator do PIB nos indica uma inflação entre 15 e 18%. O problema é que o deflator é um dado trimestral, não temos como saber ao certo o nível mensal para se comparar desta forma. Embora seja esse valor, impreciso, a grande variação (o dobro) nos indica que algo está errado pelo menos.
E agora o caso mais recente do qual eu tenha tido contato é na Espanha. O governo diz que o preço das casas está aumentando. O que parece, para um observador estrangeiro, natural, pois no mundo todo essa é uma tendência (no Leste Europeu então, está subindo absurdamente, em países como a Bulgária). O problema é que um sujeito tentava procurar uma casa em Madrid, e achou, por 550 mil Euros. Resultado: não quis nem olhá-la. Um mês depois do ocorrido a mesma casa estava avaliada em 460 mil Euros. Algumas universidades fazem esse cálculo, semelhante à FGV aqui no Brasil que faz diversos cálculos sobre preços. O problema é que o aumento de 3,8%, dado oficial, não fecha com os diversos dados que se tem disponibilidade, e que possuem inegavelmente alguma credibilidade, senão nem citados seriam. O fato é que a maioria deles indica uma diminuição do valor dos imóveis nessa mesma região analisada.
A lição que tiramos disso é que por mais confiáveis que pareçam ser as fontes de dados, nem sempre devemos confiar 100% nas mesmas. As observações dos agentes tanto na Argentina como na Espanha, indicando uma estranheza quanto aos dados originais, nos mostra que o que pode estar ocorrendo de fato não é aquilo que os dados nos indicam.