Teaching for América é o programa lançado nos Estados Unidos para expandir o tempo de vida escolar dos alunos das regiões mais pobres, ou ao menos, fornecer o acesso aos mesmos. Somente metade dos americanos que crescem nessas regiões mais pobres completa o ensino médio. A idéia é aumentar esse valor, o mais rápido possível.
Esse programa consiste em um trabalho de apenas dois anos, em que ele recruta alunos da graduação - normalmente pessoas sem qualificação para ensinar ou então experiência nisso – para dar essas aulas. É como se abrissem aqui na UFRGS um programa de “estágio” para darmos aula de matemática na Restinga (bairro pobre de Porto Alegre - dos pobres o mais famoso). Esses alunos da graduação são classificados como “Entrepreneurs who are changing the world”, ou seja, se você for dar aula na Restinga, você é um empresário que está mudando o mundo.
É por isso talvez que esses países, como os Estados Unidos, dão certo. Ao invés de grampear papéis, tirar xerox, trazer café pro chefe, os estagiários poderiam muito bem fazer isso ai aqui no Brasil, ajudar os que necessitam. Em casos de estágios como os descritos, há de fato muitos estágios realmente interessantes. Claro que o incentivo de alguém ir para a Restinga dar aula é baixíssimo, dependendo do quanto se irá receber pelo serviço. Aqui temos todos os problemas que estamos cansados de saber, como violência, e isso faria com que muitos não quisessem nem chegar perto do lugar, mesmo que a vontade de fazer algo útil seja grande.
Desbravar novos horizontes, expandir o aprendizado, é assim que um país ganha um maior potencial de crescimento, basta, pois, usá-lo da forma adequada. Os maiores problemas relatados pelo público sobre esta questão numa pesquisa foram: a questão da vontade (falta de motivação); falta do envolvimento dos pais; e os assuntos particulares de casa (possíveis problemas). Segundos os professores, os agravantes são a qualidade dos professores, do diretor e as expectativas.
De fato, milhares dessas crianças não têm alguma expectativa de vida morando nesses lugares, portanto, o dever desses professores do TFA é o de (re)incentivar essas crianças. Se não há a possibilidade dos professores (formados) chegarem a todos os lugares, porque não criar essa rede de ensino mais ampla com alunos capazes de lecionar? Mesmo sem experiência, eles com o tempo a adquirem, e estão ainda fazendo um bem não apenas aos alunos que ensinarão, mas também às suas famílias e, em última instância, ao país.
Não sei da viabilidade ou existência de projetos semelhantes por aqui, mas vi nessa matéria da revista Economist algo que pode ser implantado e talvez, dar certo aqui na selva. Como falei anteriormente, alguns estágios de nada tem a ver com o curso que fazemos, e creio que entre ganhar mal e fazer algo inútil e ganhar mal (?) e ajudar pessoas, fico com a segunda hipótese. Esse é um investimento que melhoraria a vida de muitas pessoas e as ajudaria em obter uma carreira profissional, nota-se que falei em investimento. Não precisa ser comunista para achar que o mundo pode ser melhor. Tentar transformar o mundo em algo melhor não é a mesma coisa que vestir uma camisa do Che e culpar William Gates pela fome na África. Aliás, vejam isso sobre o Gates que legal!