Economia
Bombardeamento
Parece que a "solução Sócrates" para a Bombardier vai ser: comprar. Não sei se será um bom caminho. Já o governo Guterres, pela mão do então ministro Augusto Mateus, arranjara uma solução semelhante para a fábrica Renault de Setúbal, comprando-a através de uma nova empresa, a Sodia: não deu em nada (sobre este caso escreverei novo
post).
Percebe-se a lógica da coisa: como vamos ter de constuir carruagens no futuro, a CP compra as máquinas e fica tudo em casa. Pode ser uma ilusão: a CP é uma empresa de transporte ferroviário, não de fabricação. É claro que poderá ser encontrada uma solução de consórcio, mas a CP partirá sempre de uma posição de fragilidade, pois os eventuais consortes sabem que a CP terá de arranjar ocupação para as máquinas, seja a que preço for, o que anula as vantagens da concorrência.
Também o governo, ao anunciar a "compra das máquinas pela CP" antes de formado o negócio, está a agir precipitadamente: agora a Bombardier pode fazer subir o preço pois sabe que tem o governo nas mãos. Porque não negociou antes, em condições mais favoráveis, para depois anunciar com garantias?
E mesmo que o negócio corra bem, há um grande risco envolvido nesta operação: risco político, mas também comercial: quem garante que a obolescência tecnológica não vai deitar as máquinas para o lixo antes da sua futura rentabilização?
O mal disto é a "conotação" política das soluções aparentes: deixar a Bombardier levar os robôs (que são de sua propriedade, goste-se ou não) parece "de direita", "neo-liberal", etç. Manter cá as maquinetas, ainda que compradas com dinheiro do Orçamento, parece "de esquerda" e "social". Puro engano. Vejam bem para que serve agora o Orçamento: para comprar robôs industriais... ainda se oudessem substituir ministros!...
Os tipos da Bombardier são suspeitos, porque são parte interessada, mas não devemos colocar de lado a hipótese de terem razão quando afirmam que "o equipamento em causa não serve os interesses da CP, por ser equipamento preparado para produzir mil caixas/ano" [um ritmo que a CP nunca atingirá]. (Diário de Notícias)
[ Nem comento a "solução" encontrada para a fábrica da Bombardier pelo anterior ministro da Defesa e o seu desavergonhado silêncio actual; nunca acreditei em semelhante patranha, por isso não vou fingir agora que estou surpreendido. ]
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