A vitória da Natureza
Economia

A vitória da Natureza



Já não consigo reproduzir integralmente o comentário nem sequer identificar o seu autor mas não posso deixar de recordar a citação que li no Facebook de que “a Natureza decidira começar a mostrar a sua força depois do fracasso da Cimeira de Copenhaga”.
Sei, porém, que o mesmo vinha a propósito da sucessão de catástrofes naturais que tem marcado a actualidade nacional e internacional, seja por via de terramotos (como os do Haiti e do Chile) ou de verdadeiros dilúvios e suas consequências como o que afectou a paradisíaca Ilha da Madeira.
É certo que, mesmo cingindo-nos a este período, foram várias outras as incidências que ainda que em menor escala, provocaram graves prejuízos do ponto de vista material e um número sensível de perdas de vidas humanas.
Todavia, parece-me que em relação a este conjunto de fenómenos há que desmistificar a ideia de tal comentário, seja porque estas ocorrências se têm verificado de forma intensa ao longo da História recente (embora menos gravosa e seguramente menos repercutida do ponto de vista mediático), seja porque nem todas estas catástrofes podem ser imputadas a questões ligadas a alterações climáticas.
Há, todavia, algumas questões que todo este tipo de fenómenos têm em comum e que devem merecer alguma reflexão, das quais destacaria as duas seguintes: a forma como a Humanidade investe nas medidas de prevenção e antecipação destes fenómenos (ou, em sentido contrário, contribui para ampliação das suas consequências) e a forma como a Comunidade Internacional (ou as autoridades nacionais) reagem perante cada uma dessas ocorrências.
Na primeira vertente, com ou sem a ameaça superveniente das alterações climáticas, parece claro que o nível de investimento na prevenção destes fenómenos, na sua detecção antecipada e na possibilidade de notificação dos visados é ainda insuficiente.
Em muitos dos casos verificados (recorde-se também os tsunamis Asiáticos), questiona-se se mesmo que não fosse possível evitar os enormes prejuízos materiais, seria necessário associar a tais tragédias um tal volume de perdas de vidas humanas.
De igual forma, parece também inequívoco que a dimensão das calamidades e os danos que as mesmas provocam é fortemente alavancado pela postura desafiante dos Homens em relação à natureza, cujo curso e ordenamento julgam poder controlar de forma impune.
Aqui, mais do que apurar responsabilidades sobre o já sucedido, talvez valesse a pena tomar consciência dos riscos que comportam determinadas opções e tentar inverter o rumo traçado por decisões menos ponderadas nos mais diversos espaços geográficos. Da escala nacional para a escala local, será que todas as populações e as entidades de Governo respectivas têm consciência da Carta de Riscos dos seus territórios? Será que ela foi sequer elaborada?
Ora, atendendo ao volume de recursos que normalmente é canalizado para responder a estas situações, como às demais incidências que provocam prejuízos humanos e económicos significativos (como a mera perda de uma colheita face a uma Estação mais agreste), mais se questiona se não valeria a pena proceder a um investimento superior nos mecanismos preventivos.
De notar, porém, que a capacidade de obter recursos para fazer face a estas ocorrências tem sido assinalável, em especial se atendermos às dificuldades orçamentais que assolam as principais economias.
Mais ainda, parece-me notável a capacidade de mobilização e a entrega de um número considerável de cidadãos anónimos que, na generalidade destas circunstâncias, não deixa de dar o seu contributo para ajudar causas por vezes distantes e pessoas que jamais virá sequer a conhecer, tantas vezes com sacrifício de recursos não excedentários.
Talvez por isso, seja caso para dizer que perante as partidas da Natureza, ainda vai valendo o que há de melhor na natureza humana e o espírito solidário que sustenta a nossa auto-preservação.



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