Economia
A semana negra - impressões
Foi uma semana negra para o sistema financeiro global (a imagem é tirada da
Economist -
Kal cartoon)
Confesso que me assustei na terça e quarta-feira quando vi:
- a taxa de rendibilidade dos títulos do Tesouro norte-americanos a 3 meses descerem para valores da ordem dos 0,02% ( dia 17 de Setembro, quarta-feira) - taxas de juro de estado de guerra, não se viam desde a II Guerra Mundial
- a libor do dólar - a taxa de juro de referência dos empréstimos dos bancos uns aos outros - salta para valores da ordem dos 6% (quando os valores médios da semana anterior para o 'overnight' estava nos 2,1%)
- a possibilidade de se assistir à queda da Goldman Sachs e Morgan Stanley, após o fim da Lehman e de a Merril ter sido comprada pelo Bank of America
- o facto de a intervenção/salvação do American International Group não ter gerado maior confiança dos bancos uns nos outros.
- a necessidade de fundos por parte da Reserva Federal para fazer face ao crédito a conceder ao AIG
Respirei de alívio com:
- a intervenção concertada dos bancos centrais na quinta-feira dia 18 de Setembro no montante e 180 mil milhões de dólares
- o anúncio de um plano de limpeza dos "activos tóxicos" por parte da administração Bush, no montante de 700 mil milhões de dólares e neste momentos mais claro como se pode ler aqui.
Foi uma semana louca e tristemente histórica para o mundo financeiro. Foi uma semana de apagar fogos. Nem vale a pena colocar a hipótese de não intervenção - os custos de não intervir, de não salvar quem fez disparates era de tal forma brutais com efeitos em pessoas inocentes que acreditaram no sistema que não existe a opção "não intervir".
O mais grave efeito desta intervenção é, como todos sabem, o "moral hazard". A dimensão deste efeito depende:
- do modelo de salvação: se os accionistas perderem tudo e os gestores também não se estará a beneficiar tanto o infractor.
- das lições que se retirarem do que se passou para a adopção de medidas futuras.
Caso não se adoptem medidas estruturais, sinónimo de um novo quadro regulamentar, mais eficaz e transparente, das instituições financeiras esta não será a última crise mas apenas mais uma das que tem afectado a banca norte-americana desde os anos 80. Sempre com a próxima ainda pior que a anterior.
O capitalismo não está obviamente ameaçado. Mas ficou bem claro que os mercados financeiros não tendem para o equilíbrio e que sofrem de graves falhas de mercado.
Como já se tinha visto nas crises da dívida da América do Sul, dos excessos no Sudeste asiático e Rússia nos anos 90, na euforia das
dot.com também em finais de 90 início do século XXI, na falsificação das contas em 2001 (casos
Enron e
WorldCom) e agora na crise
sub-prime.
Em todas elas - excepção para a sub-prime que não conhecemos o desfecho - salvaram-se instituições financeiras.
Vale a pena ler e perceber como ainda é muito difícil perceber o que fazer:
Os comentadores do FT cada vez mais parecidos com os Ladrões de Bicicletas, o I e o II
Pedro Lains
de onde chego a Paul Krugman e Freakonomicsna Causa Liberal Ciclos Económicos: Hayek
e ainda para investidores no Especulador Prudente Dia Histórico e o Fim do Bear Market
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