O BCE fez hoje um corte histórico nas suas taxas de juro de referência.
A partir de dia 10 o dinheiro passa a custar aos bancos 2,5% - operacções semanais de refinanciamento a uma taxa fixa desde 15 de Outubro e satisfazendo todos os pedidos de recursos.
O BCE percebeu finalmente que deve estar mais preocupado com o sistema financeiro que com a inflação.
É extraordinário o tempo que levou a entender a dimensão do problema. A Reserva Federal está a descer agressivamente a sua taxa de referência de 18 de Setembro de 2007, pouco mais de um mês (9 de Agosto) da primeira intervenção global para enfrentar os efeitos da crise dita "subprime".
O BCE, pelo contrário, resolveu aumentar a sua taxa de referência de 4% - onde se manteve - para 4,25% dia 3 de Julho de 2008 - sim já este ano. E porquê? Por causa da inflação que estava a subir para valores da ordem dos 3%.
E porque estava a subir a inflação? Por causa da subida dos preços do petróleo e dos cereais... Ou seja, não era inflação.
Por inacreditável que pareça o BCE comete nesta crise exactamente o mesmo erro que em 2000 e 2001 quando, apesar do crash bolsista e de todos os sinais de recessão nos EUA insistiu em subir as taxas de juro e teimosamente afirmou - na altura Wim Duisenberg - que a Zona Euro não seria afectada pela crise norte-americana.
A análise económica no BCE está a precisar de ser mais aberta e menos ortodoxa. De olhos postos na Fed.
Como consequência da sua ortodoxia, o efeito de alívio no orçaento das famílias e empresas, tão necessário já neste momento arrastar-se -á por todo o primeiro semestre.
É verdade que a política monetária tem nesta crise efeitos limitados e pode até em parte ser nefasta, mas poderia contribuir mais para a moderação da crise.
O que disse hoje Jean-Claude Trichet