As (inevitáveis) nacionalizações na banca
Economia

As (inevitáveis) nacionalizações na banca


Quando as armas tradicionais de mercado não funcionam entra em acção a artilharia pesada: a nacionalização.
Mais de um mês depois da violenta réplica da crise financeira iniciada há quase 15 meses, as autoridades da Europa e dos Estados Unidos deixam cair a ilusão de conseguirem resolver o problema "cada um por si" e desistem das convicções.

A intervenção directa, via nacionalizações ou mesmo via administração das taxas de juro, face à dimensão da catástrofe parece-me ser a única solução. Um modelo seguido pela Suécia nos anos 90.

Devemos estar satisfeitos? Claro que não. Vai sair-nos do bolso - dos contribuintes. Mas é a melhor de todas as soluções, embora não seja igualmente negativa:

  1. Deixar cair os bancos era, 'by the book', a melhor solução: quem correu riscos excessivos e não soube gerir o seu negócio perdia o dinheiro; desincentiva aventuras futuras. MAS o efeito do ajustamento teria um custo tal que poderia matar o doente - a população em geral - com a cura.
  2. Compra activos tóxicos, como prevê (ou previa) o Plano Paulson é de longe a pior das soluções: premiavas com o dinheiro dos contribuintes, quem tinha feito mais asneiras e incentivava a novas e mais asneiras no futuro abrindo portas para uma próxima crise pior ainda que esta.
  3. Nacionalizar ou mesmo confiscar é um "castigo" tão violento para os accionistas como a falência. Há um racional para o dinheiro dos contribuintes: estão a pagar para não perderem as suas poupanças - e não para salvar quem fez asneira -, estão a pagar para minorar os efeitos económicos da crise financeira, enfim, estão a pagar para que as perdas de emprego sejam as mais baixas possíveis.

Mas a seguir deve proceder-se a privatizações sem premiar os que se revelaram incapazes de serem accionistas dos bancos.

As notícias da semana foram péssimas: Wall Street teve a pior semana desde 1933; a bolsa portuguesa regista a pior semana de sempre tal como as bolsas mundiais e com bolsas suspensas em alguns países.

Vamos ver se as autoridades conseguem trazer a calma neste fim de semana: Grupo dos 15 do euro reunidos domingo em Paris; Bush apela a uma resposta séria à escala global e Angela Merkel parece ter mudado de ideias e está com Nicolas Sarkozy na defesa de um plano europeu à inglesa e não à americana.

E ainda a instabilidade entre vizinhos ou a guerra dos depósitos entre o Reino Unido e a Islândia.




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