Depois de conquistar a estabilidade e de promover a formação de um amplo mercado interno, em um cenário de profundas transformações na economia mundial, o Brasil estaria preparado para uma nova geração de políticas de desenvolvimento de forte conteúdo social, mais pragmática e menos tributária das expectativas de mercado, uma combinação de ativismo econômico e social com responsabilidade macroeconômica. Sob certo sentido, é o terceiro estágio de uma política iniciada ainda no primeiro governo do Presidente Lula e que foi mudando de contorno progressivamente. Deixando de lado as digressões sobre o longo prazo, cabe registrar que os resultados do PIB Industrial do segundo trimestre e da produção física da indústria de julho acionaram um conjunto de medidas voltadas para a defesa e promoção do setor industrial, cujos alcances ainda são difíceis de serem avaliados.Produção IndustrialComo alertou o ministro Mantega, o hiato entre o ritmo ainda intenso de crescimento do comércio varejista e as baixas taxas de incremento da produção industrial foi aberto pelo aumento da participação dos produtos importados no mercado interno. Enquanto o mercado de consumo permanece aquecido, a produção física da indústria vem reduzindo a taxa de expansão desde o início do ano. Na série do crescimento em doze meses, a produção física da indústria vem desacelerando em 2011, o que até certo ponto é natural em razão da elevada base de comparação do ano anterior, mas o faz em ritmo muito intenso, caindo de 3,7% em junho para 2,9%, em julho (ver Gráfico).PIM-IBGEA série que mostra a taxa de crescimento acumulada ao longo do ano, que capta melhor o comportamento mais recente, representada na linha dupla no gráfico, informa que até julho de 2011 a produção física da indústria teve incremento de apenas 1,4%, em relação ao mesmo período de 2010.
Setores
A redução do ritmo de crescimento da produção física da indústria teve amplo espectro, atingindo os segmentos de produção de máquinas e equipamentos (bens de capital), de insumos (bens intermediários) e os bens de consumo duráveis, semi-duráveis e não duráveis.No caso do segmento de bens de capital, cuja produção física vinha crescendo rapidamente em resposta ao aumento do uso da capacidade produtiva disponível nos diversos segmentos da economia, a taxa acumulada de crescimento no ano caiu de 8,6% em março de 2011 para 5,5% em julho. Bem mais preocupantes foram as trajetórias da produção física dos segmentos de bens intermediários, bens de consumo duráveis e do segmento de bens de consumo semi-duráveis e não duráveis, que, respectivamente, apresentaram taxas de crescimento acumulado em julho de 0,6%, 1,9% e 0,5% (ver Tabela).PIM-IBGEAinda na Tabela, podem ser observadas as taxas de crescimento das atividades industriais que tiveram os piores desempenhos nesse período: Têxtil (-14,4%), calçados (-7,4%), máquinas de escritório e equipamentos de informática (-5,5%), bebidas (-4,1%) e vestuários (-3,0%) Como são atividades industriais que, em sua maioria, têm forte participação na matriz industrial do Nordeste, a produção industrial de alguns estados da região está sendo fortemente afetada.