A guerra dos sutiãs
Economia

A guerra dos sutiãs


Contrariando as previsões do "fim da história", está em curso mais um conflito mundial: a guerra dos sutiãs, uma desesperada batalha contra a invasão de têxteis chineses, actualmente atafulhados nos postos alfandegários europeus. Os Estados Unidos enfrentam um problema semelhante.

Com a liberalização ocorrida no início de 2005, o pânico subsequente ao fluxo de têxteis chineses levou a Europa a procurar um acordo de emergência com a China, com o objectivo de minimizar os danos, acordo que foi assinado em Junho. O problema é que os têxteis já estavam a caminho e agora são as empresas importadoras, que tinham atempadamente feito as suas encomendas, que estão aflitas. A UE encontra-se assim entalada entre as empresas importadoras e as produtoras de têxteis. Esta divisão também polariza os países membros: a Holanda, Dinamarca, Suécia e Finlândia, apoiadas pela Inglaterra e Alemanha, ameaçam recorrer aos tribunais para libertar os têxteis retidos nas alfândegas; a França, Itália, Espanha e Portugal defendem a manutenção das quotas.

O Comissário Mandelson diz que a China tem a obrigação moral e política de ajudar a encontrar uma solução para um problema «que não é da culpa de nenhuma pessoa, organização ou país.» É caso para dizer que a culpa «é da Economia, estúpido!»

O Economist dedica um artigo a este assunto: «Ninguém parece ter consultado os retalhistas europeus, que já tinham firmado encomendas para montanhas de bens chineses. Um mês depois do acordo, a China excedeu as quotas de pullovers, e um mês depois disso foram as calças, seguindo-se as blusas, depois os sutiãs e as T-shirts. (...) A Comissão Europeia procura agora desesperadamente uma solução que agrade a retalhistas, a produtores e aos Chineses, avançando com a ideia de "antecipar" quotas do próximo ano ou de outros bens que ainda tenham saldo. (...) Mas as quotas, no melhor dos casos, apenas permitirão adiar o inevitável. É difícil ver como é que os trabalhadores dos países ricos podem competir com os baixos salários dos países pobres.»

Os EUA também estão a impor restrições de última hora a vários têxteis (incluindo sutiãs), mas a iniciativa está a ser mal recebida pelas autoridades chinesas: «O governo norte-americano tomou uma decisão sem considerar a veemente oposição chinesa, violando os princípios do livre comércio, transparência e não discriminação da OMC. Como um membro da OMC, a China reservará o direito de defender os direitos e os interesses industriais do País nessa organização internacional.»



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