Santo Lamy?
Economia

Santo Lamy?


Pascal Lamy venceu. Deve assumir o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio em setembro. Digo "deve" por que existem pressões por parte dos países emergentes para que sua posse seja adiantada. O motivo seria de que setembro é muito próximo de dezembro, mês que ocorre a reunião ministerial de Hong Kong, encontro fundamental para o sucesso ou fracasso da chamada rodada de Doha.
O francês é a última esperança tanto dos países desenvolvidos quanto dos em via de desenvolvimento. Os primeiros depositam suas últimas fichas na tentativa de convencer os segundos a abrirem seus mercados para produtos industrializados, enquanto que a turma do G-77 tenta de qualquer forma chegar a um consenso sobre a liberalização do comércio agrícola entre o norte e o sul. A verdade, porém, é que nenhum dos dois grupos conseguirá o que quer sem dar o braço a torcer. O avanço com sucesso da rodada de Doha depende da reunião de Hong Kong por um simples motivo: o fast-track power de George Bush. Com esse poder, o presidente dos Estados Unidos pode tomar qualquer decisão sobre o comércio internacional sem o aval do Congresso, que deu tal regalia ao chefe do Executivo até meados 2007. Caso um consenso não seja estabelecido em dezembro próximo, seria necessária uma nova reunião ministerial para que alguma solução fosse alcançada. E aí está o problema!
Um sentimento protecionista está envolvendo os congressistas de Washington devido, entre outros motivos, à guerra comercial entre EUA e China. Especialistas dizem que grande parte do déficit comercial americano se dá por causa da desvalorizada moeda chinesa, fazendo com que os produtos da China se tornem mais competitivos do que realmente são. Um exemplo da ira americana pôde ser observada na (re)imposição de quotas aos produtos têxteis chineses (leia).
Caso, ano que vem, o Congresso norte-americano não postergue o fast-track power do presidente Bush, será muito provável que qualquer acordo de Doha seja bloqueado pelo legislativo. Por isso é essencial que, no restante deste ano, os líderes dos países empenhados em uma solução para o impasse da OMC trabalhem em conjunto, negociando e barganhando suas vontades em trocas de concessões. Para isso será necessário um papel ativo de Pascal Lamy pelos bastidores da organização, tentando convencer seus conterrâneos a abrir mercados ditos ' sensíveis' ao mesmo em que sua outra mão esteja gesticulando com Brasil e Índia na busca de resultados semelhantes.



loading...

- Não Desespere (ainda)
Enquanto considera que ainda pode haver alguma esperança quanto a um acordo relativo ao aquecimento global - optimismo que aparece espelhado na sua capa ("Dont't dispair") - a Economist está bem menos esperançada quanto à cimeira da Organização...

- Cansados Da Globalização
O Economist diz que o mundo está cansado da globalização, apesar da liberalização do comércio e outras formas de abertura serem mais necessárias do que nunca. E os sintomas não surgem apenas dos movimentos alternativos: no próprio Senado norte-americano...

- Alternativa A Doha
José Alexandre Scheinkman, na sua coluna da Folha de São Paulo, examina as alternativas com que conta o Brasil, no caso de um fracasso da Rodada Doha: "Se a Rodada Doha fracassar, uma alternativa para o Brasil é perseguir pactos bilaterais e regionais...

- Abertura Comercial Ampliou A Pobreza, Apontam Estudos
Às vésperas da 6ª reunião ministerial da OMC, ActionAid divulga estudo para demonstrar que a abertura comercial dos últimos anos ampliou a pobreza nos países pobres. Em outro trabalho, CUT chega à mesma conclusão para o desemprego. São Paulo...

- Déficit Comercial
Os EUA apresentou no mês de setembro um déficit recorde na sua balança comercial. O valor apresentado pelo Depto de Comércio Americano foi de U$$ 66,1 billhões. Óbviamente, os EUA é um dos países que mais representa no comércio mundial, mas uma...



Economia








.