A especialização relativa da economia sergipana (3)
Economia

A especialização relativa da economia sergipana (3)


Ricardo Lacerda

Sergipe conta com uma estrutura industrial relativamente diversificada, na qual a indústria extrativa mineral e a indústria de transformação repartem, com peso similar, a geração do valor de transformação. Na indústria extrativa se destacam a exploração de petróleo e gás natural e a de minerais não-metálicos. Essas atividades de extração das riquezas minerais são as bases das cadeias produtivas de petróleo & gás e de fertilizantes no Estado. Tais atividades, como se sabe, ganharam expressão em Sergipe entre o final da década de setenta e o início dos anos oitenta, a partir de investimentos de empresas estatais.

Na indústria de transformação, as atividades mais importantes, em termos de Valor da Transformação Industrial (VTI), são as indústrias de alimentos e bebidas; a produção de minerais não metálicos, em que se destacam a produção de cimento e produtos cerâmicos; têxteis e confecção; calçados e couros; e a fabricação de produtos químicos, incluindo a produção de fertilizantes, cosméticos e de álcool.

Esse perfil diversificado da indústria de transformação inclui desde empreendimentos muito tradicionais, como os de fabricação de tecidos e de açúcar, aos de fabricação de concentrados de sucos, implantados nos anos setenta, a indústria de confecção, até outros segmentos, relativamente mais recentes, como os de torrefação de café, fabricação de calçados e a indústria de etanol. Atividades ainda mais recentes são a fabricação de materiais elétricos, de cosméticos, produtos metalúrgicos, máquinas e equipamentos e linhas variadas de produção de alimentos.

Estrutura Industrial

A Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGE, informa que o Valor da Transformação Industrial da Indústria Geral de Sergipe, abrangendo a indústria de transformação e a indústria extrativa, alcançou o montante de R$ 3,5 bilhões, em 2008, repartidos em 50% para cada uma das atividades. O VTI da indústria de transformação somou R$ 1,74 bilhão e o da Indústria Extrativa, R$ 1,72 bilhão.

Na indústria de transformação, destacam-se a produção de alimentos e a do setor de minerais não metálicos cujos VTIs alcançaram em 2008, respectivamente, R$ 392 milhões e R$ 387 milhões. No patamar seguinte encontravam-se a produção têxtil com R$ 218 milhões, e a de bebidas, com R$ 194 milhões. No terceiro pelotão, as atividades de produção de calçados e couros, produtos químicos e vestuário que registraram, em 2008, VTI acima de R$ 80 milhões e inferior a R$ 100 milhões. Entre as atividades de maior peso, caberia ainda destacar os segmentos de produção de máquinas e equipamentos, de material elétrico e o de fabricação de plásticos e borracha, cujos VTIs se situaram entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões. (Ver Gráfico)


Fonte: IBGE- Pesquisa Industrial Anual de 2008.


As especializações

Em 2008, cinco atividades industriais apresentavam mais do que o dobro da participação no VTI da indústria de transformação em Sergipe do que na média da região Nordeste: a fabricação de minerais não-metálicos, por conta da indústria de cimentos, cujo VTI pesava 4,9 vezes mais em Sergipe que na média da região; a indústria têxtil, 4,53 vezes; máquinas e equipamentos, 4,38; fabricação de móveis, 2,49, e a produção de bebidas, 2,24. (Ver Tabela). Dignas de menção são, também, as especialização relativas de Sergipe na produção de máquinas e equipamentos elétricos, vestuário, fumo e na produção de alimentos.

Na comparação com a média brasileira, as especializações relativas na produção de minerais não metálicos e na fabricação de produtos têxteis são ainda mais acentuadas. São significativas, também, as especializações relativas da indústria na produção de bebidas, calçados, vestuário, produtos alimentícios e móveis.


A especialização relativa da indústria de transformação sergipana nos segmentos destacados informa uma certa divisão de trabalho entre os estados da federação, em que Sergipe participa com mais peso naqueles segmentos do que na média da indústria de transformação. A especialização indica, desta forma, vantagens competitivas do presente ou do passado persistente. No próximo artigo, examinaremos a especialização relativa de Sergipe nas atividades de serviço.



Publicado no Jornal da Cidade em 05/12/2010

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