Economia
Custo de oportunidade: mais uma lição do professor Supimpa
O professor Supimpa sempre se depara com dúvidas de alunos sobre o "custo de oportunidade". Algumas são de quem nada leu sobre a matéria. Outras são pertinentes.
O professor pensou, pensou, e resolver seguir o caminho tradicional: um exemplo. Se um aluno lhe mostrasse um grande interesse em
Corporate Finance, ele lhe diria:
- Ok, it's all about opportunity costs!
- Que é isso, professor? Fala sério.
- Estou falando. Pegue, por exemplo, o capítulo de seu livro sobre administração de caixa.
- Este eu já li. Não tem nada de Economia lá.
- Engano seu. Você não viu o modelo de Baumol?
- Ah...é verdade, vi. E daí?
- Você o leu?
- Ahhh...rapidinho.
- Então vamos repassar. Há uma empresa que quer saber qual o volume ótimo de caixa que deve ter. Ela conhece algumas de suas próprias características (claro!) e sabe que tem a opção de comprar ou vender títulos negociáveis.
- Hum. E daí?
- Vejo que você anda impaciente. Bem, supõe-se que a empresa possa carregar maior ou menor liquidez ao longo do período de tempo relevante para o exemplo. Isto se traduz em moeda corrente ou em títulos.
- Certo.
- Ora, qual o custo de oportunidade de se manter dinheiro em caixa?
- Vocês economistas são muito confusos. Como vou saber?
- Veja o nome do custo: "custo de oportunidade". Que oportunidade se está abandonando?
- A de investir em títulos?
- É.
- Então, professor, a taxa de juros do título é o custo de oportunidade?
- Exato. Veja que não há inflação e, portanto, a taxa de juros nominal e a real são idênticas.
- Ah... mas isto é livro-texto. Na realidade as empresas têm mais opções.
- Ok. Mas pense: se todas as empresas usam ou caixa ou títulos, seria estranho que a sua empresa pensasse em caixa ou, digamos, tratores velhos e enferrujados.
- Mas eu seria o único, original, inovador! Por que não tratores velhos e enferrujados no lugar de títulos?
- Correto. A questão é que o mercado secundário de títulos é mais eficiente para te dar o que você quer do que o mercado secundário de tratores.
- Humm..entendo. Empresários que arrisquem por fazer coisas malucas nem sempre se dão bem.
- E nem sempre se dão mal. A vida é incerta, você e eu sabemos disto. Isto quer dizer que queremos tudo rotinizado? Claro que não. Há espaço para o risco e para a inovação. Mas veja que se a invenção é boa, ela se dissemina pelo sistema. A contabilidade se desenvolveu assim. O uso de títulos negociáveis também. Claro, você sempre pode achar um exemplo de uma tribo numa ilhota do Pacífico que usa tratores velhos e enferrujados. Mas sua empresa só deveria se preocupar com isto se abrisse uma filial lá.
- Entendo. Por isto não saio comparando o custo de manter
cash com um milhão de alternativas diferentes. Somente as mais relevantes para o problema analisado.
- Exato. Como eu sempre te disse: basta ter paciência e refletir sobre o que lê. A propósito, leia com mais calma da próxima vez.
- Ok, professor. Obrigado.
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