Em "Equivocal Economic Terms or Terminology Revisited", Catherine Resche escreve sobre questões de terminologia económica. Começa pelos misnomers: palavras usadas para descrever qualquer coisa, mas que o fazem de modo errado ou inapropriado. Um exemplo: "ciclo económico" [business cycle]: a designação "sugere um padrão de altos e baixos na actividade e conómica, mais regular do que na realidade é revelado pelos dados". Outro misnomer é a palavra "curva" [curve] que pode até ser uma recta, ou uma linha quebrada unindo diversos pontos de um sistema de eixos cartesianos. Outros exemplos são "euromarket", "eurocurrency" e "eurobond", que não se reportam a moedas europeias. Seguem-se os oximoros, associações de palavras com sentidos contraditórios. Exemplos: "flat curve", "zero slope" e "voluntary export restraints". Em portugês não creio que se use "curva plana", mas já tenho encontrado "declive zero". Ora, se há um declive, como é que ele pode ser igual a zero, que significa a inexistência de declive? Também se encontram "restrições voluntárias à exportação" (embora em desuso, como medida de política económica). Tratando-se de restrições coercivas, como é que podem ser voluntárias? Faz lembrar a frase daquele pai tirano: "Meu filho! Quer queiras, quer não queiras, terás de ser Bombeiro Voluntário!" Há depois os eufemismos, nem sempre com equivalentes em português: - "delayering", significando laying off (despedir) - "unexpected" e "unanticipated", que atenuam o facto de ter havido erros de previsão; - "contabilidade criativa" [creative accounting], um eufemismo para fraudes contabilísticas. O texto fala ainda nas "reduções" ("I-word" para "inflação", "D-word" para "depressão", etç) e "metáforas" embora, neste último caso, aprofundando pouco uma ferramenta tão cara aos economistas - ainda que a maior parte das metáforas, como as famigeradas "mão invisível" e "fábrica de alfinetes" sejam, na realidade, analogias. Não vem referido no texto, mas recordo-me da "taxa natural de desemprego" como expressão bastante enganadora, já que nada há de natural em que 4 ou 5% da força de trabalho esteja no desemprego - ou "inactiva", como também se usa e que é um eufemismo incorrecto, pois só os membros da população activa é que podem estar desempregados. Igualmente enganadora é a palavra "oferta, que traduz intenções de vender, nunca de ofertar. Também se pode considerar que o termo "Economia" é bastante equívoco, pois descreve o universo do desperdício e não da economia. |