Economia
Sobre a vida (e morte) do jornalismo
"Um dos aspectos mais curiosos da cobertura jornalística do caso Freeport
é a demissão total dos jornalistas (...)
Tudo é publicado e republicado, permanentemente, sem qualquer filtro (...)
A publicação de tudo, sem critério, é a negação do jornalismo. (...)
O pior é que a maioria dos jornalistas está convencida do contrário."
escreve jmf, com selecção feita por mim, no seu primeiro post titulado "A morte do jornalismo" e que vale a pena ler.Mas também criticar.- Porque as generalizações conduzem sempre ao erro, não me parece que se tenha estado perante a "demissão total dos jornalistas". Há no "caso Freeport' informação nova que foi descoberta por jornalistas. Exemplo: José Sócrates estava no grupo de suspeitos.
- "Tudo é publicado e republicado (...) sem qualquer filtro". È uma realidade mas não se aplica apenas ao "caso Freeport". Tem sido uma das consequências do acesso imeadiato à informação, transformada com a internet, em mercadoria que todos passam de uns para outros. É fácil numa pequena busca verificar como há artigos iguaizinhos uns aos outros sem que se consiga perceber facilmente quem é o primeiro autor ou mesmo quem são as fontes, como já assinalei aqui em Jornalista Google.
- Alguns jornais internacionais têm contornado essa "cópia" linkando para as notícias dos seus concorrentes, com o alerta de que não são resposnáveis por essas notícias. Parece-me a melhor solução: dá ao leitor acesso a informação sobre o tema que não está validada pelo jornal.
- Um dos pontos mais complicados da republicação é ó órgão de informação estar a validar informação que não confirmou. Ou seja, é uma manifestação de confiança no media concorrente - está a dizer, nós confiamos no que o nosso concorrente está a dizer. E, desse ponto de vista, é uma negação do jornalismo.
- O critério - ou a ausência dele, como diz jmf - não é puramente jornalístico. O critério resulta da conjugação da existência de elevada procura por uma determinada informação com a ausência de meios para confirmar notícias já dadas e assim proceder à sua selecção. E, mesmo quando se conclui que a informação de outros órgãos não é confirmada pelas fontes do jornal, muitos correm o risco de avançar, à mesma, com ela. Porquê? Não parecem existir prémios para os mais credíveis.
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