Jornalista Google
Economia

Jornalista Google


Nos últimos dias andei a fazer um levantamento dos despedimentos anunciados em Portugal em buscas pela blogosfera - sim, fazendo de jornalista Google.

Deparei-me com um conjunto de textos todos iguais mas em sítios diferentes sem que conseguisse encontrar:
  1. As fontes originais do levantamento
  2. O texto original

Nem todos os textos eram de meios de comunicação social.

A cópia está generalizada como actividade jornalística?

As agências noticiosas eram, até há uns anos, a única fonte não primária - isto é, a única fonte já intermediada - que usávamos, sem necessidade de confirmação. Hoje parece não ser assim. Qualquer informação googlada ou ouvida, vista ou lida noutro meio é usada como absolutamente fidedigna.

E assim podemos estar a transformar uma informação menos rigorosa ou mesmo errada em "informação".

Um outro exemplo:

O mesmo verifiquei no caso do processo contra o BPP que marcou a última semana. As fontes do Negócios - que tinham de facto informação - garantiam que o processo do Ministério Público estava numa fase muito preliminar não sendo possível ainda configurar o crime. Foi exactamente isso que o Negócios transmitiu aos seus leitores.

Mas vi, li e ouvi vários órgãos de comunicação social afirmarem quais eram os crimes.

Poderia ter concluído duas coisas:

  1. Têm melhores fontes que nós - hipótese provável, já que os jornais de economia raramente têm - excepção feita ao tempo presente - casos de polícia
  2. Confiar nas nossas fontes e ignorar o que os nossos colegas dizem.

Optámos pela segunda hipótese. E assim fomos um dos únicos a não dizer os crimes em causa. (Obviamente que poderíamos sempre dizer os crimes prováveis com base nos Códigos).

Foi uma boa decisão? Do ponto de vista do rigor da informação, sem dúvida que sim. Do ponto de vista do que exigem os consumidores de informação, não sei. Ou, mais directamente, se um caso como este se repetisse várias vezes, como não existe o factor de validação no mercado, quem dá menos passos em frente pode ser o mais prejudicado.

Usando linguagem económica, há falhas de mercado no mercado da informação. Falhas que premeiam a quantidade de informação e podem castigar o rigor e a qualidade - até pelo tempo que esses atributos por vezes levam a ser obtidos. E que, como consequência, podem retirar do mercado quem oferece informação rigorosa e de qualidade.




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