Quase Tudo – Danuza Leão
Economia

Quase Tudo – Danuza Leão


Hoje me encontrei com Pareja, um grande amigo do colégio que está muito parecido com o Seu Jorge, e ele me veio com aquele papo dele que Nietzsche é importante, que Nietzsche é legal, que todo mundo deveria ler Nietzsche...
Não leio.
Tirando algumas leituras (mal) recomendadas pelos professores da faculdade, não leio nada que seja mal escrito, tenho horror a grandes pensadores que são confusos, obtusos, com conceitos e linguagem própria, como Marx e a grande maioria do filósofos, incluindo Nietzsche e seus seguidores como Michel Onfray.

Pois bem, sábado foi aniversário de minha mãe e dei pra ela de presente o livro “Terra de Ninguém” do Contardo Calligaris, com 101 artigos que ele escreveu pra Folha, já meu irmão deu o livro “Quase Tudo” de Danuza Leão, que também é articulista da Folha e que teve uma vida incrível.
Eu não sou de fazer resenha e o grande lance do livro não é a vida dela, mas sim como ela é contada. Sempre em linguagem fácil, em estilo coloquial lembrando um blog, Danuza conta a sua vida e ao mesmo tempo a história do Brasil, seus costumes e os de seus lideres.

‘Na noite de 5 de agosto de 1954, já estávamos deitados quando o telefone tocou; era um repórter da ‘Ultima hora’ contando que acabara de acontecer um atentado na rua de Toneleros, onde haviam sido baleados um major da Aeronáutica e Carlos Lacerda. Samuel perguntou se Lacerda tinha morrido, e, diante da resposta, disse: “Merda”, se vestiu e foi imediatamente para o jornal.’ (...)
“Samuel os tanques desceram”, disseram – naquele tempo os tanques desciam. Ele perguntou: “os nossos ou os deles?”. Eram os nossos.’


Danuza freqüentou as rodas sociais mais interessantes das décadas de 50, 60 e 70, conheceu muita gente e nos conta sobre eles, foi a primeira modelo brasileira no exterior e trabalhou com quase tudo, fez filmes com Glauber Rocha, como Terra em Transe, foi amiga de Vinicius, Di Cavalcanti, Paulo Francis, Millor, Jaguar... era irmã da Nara Leão e foi no apartamento de seus pais onde a Bossa Nova supostamente teria nascido.

Resumindo, não há nada melhor que ler algo bem escrito e Danuza escreve muito bem. A prova disso é que devorei o livro em dois dias, ao invés de ficar enrolando como normalmente faço. André.



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