No Diário de Notícias de ontem: «Segundo fontes do mercado ontem contactadas pelo DN, os desentendimentos entre Vítor Martins e o Governo resultaram, em grande parte, da recusa da administração da CGD em participar nos financiamentos privados aos grandes investimentos públicos, como o futuro aeroporto da Ota e a rede de TGV. No mercado fala-se de decisões de crédito polémicas e contestadas, que no entanto não chegaram a ser conhecidas. Confrontada com estas e outras questões, a administração da Caixa remeteu-se ontem ao silêncio. Também o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, através do seu gabinete, escusou-se a comentar.» Se os mecanismos de análise económica - nomeadamente de análise do risco - estiverem a ser postos em causa desta forma grosseira, então é caso para nos preocuparmos muito a sério - não apenas com os grandes investimentos públicos (Ota e TGV), mas com toda a actividade financeira do Estado. Realizar estas discussões em torno de pessoas é, em geral de evitar, mas quando o governo do partido que contestou a nomeação, para a administração da Caixa Geral de Depósitos, de Celeste Cardona - por evidente falta de perfil e experiência - lá coloca pessoas como Armando Vara (e deixando lá ficar Celeste Cardona!) isto pode significar uma de duas coisas (ou as duas): que os critérios de nomeações são de natureza meramente partidária (multi-partidária, para dizer melhor) e/ou que os critérios de gestão económica e financeira da CGD serão substituídos pela agenda partidária e eleitoral, e pelos interesses dos lóbis financiadores de campanhas eleitorais. Pergunto a mim mesmo se o aumento do IVA foi pensado para o défice ou para as obras de que certos grupos económicos desesperadamente necessitam. |