Economia
Pará dividido.
Lúcido editorial da FOLHA DE S. PAULO de hoje, comenta sobre o plebiscito de 11 de dezembro aqui no estado do Pará. Trata-se de assunto que deve ser objeto de profunda reflexão, uma vez que não temos mais tempo para errar.
O resultado da pesquisa Datafolha sobre
a divisão do Pará, divulgado neste final de semana, revelou que a maioria da
população é contra a partição do Estado.
Quando se analisa o conjunto da
população, três em cada cinco eleitores (58%) são contrários à divisão do Pará
em três Estados.
Esse resultado, no entanto, esconde um
profundo descontentamento das duas regiões que desejam se emancipar, Tapajós e
Carajás. Na área que englobaria o futuro Estado de Carajás, 84% são favoráveis
à separação do atual Pará. Em Tapajós, são 77% os apoiadores.
Acontece que essas duas regiões contêm,
somadas, 35% dos eleitores. Os outros 65%, moradores da área que formaria o
Estado remanescente, são contrários à divisão, na proporção de quatro para um.
O que explica o resultado total é, assim, a divisão demográfica.
Esta Folha já se manifestou mais de uma
vez contra a criação dos dois novos Estados, que é deletéria tanto sob a lógica
federativa quanto pela perspectiva local.
Essas duas unidades nasceriam com
deficit anuais em torno de R$ 1 bilhão cada uma, já contabilizados os repasses
ao atual Estado do Pará, segundo estudo do Ipea. A conta, não é difícil supor,
seria paga em grande parte pela União.
A partição também levaria a novas vagas
no Congresso para as unidades nascituras. Seriam três senadores para cada Estado
e ao menos oito deputados. Aumentaria assim a distorção em favor da região
Norte, já hiper-representada em relação à sua população.
Eventuais efeitos benéficos para a
população também são contestáveis. Teriam de ser criadas do zero instituições
dos três Poderes -Executivo, Legislativo e Judiciário- em regiões onde o poder
público é historicamente ausente. Parece mais provável que sirvam de meios de
ascensão política e corrupção para parte das elites locais.
Não se deve, todavia, ignorar o legítimo
sentimento de abandono da população dessas regiões. É razoável supor que o
expressivo apoio à emancipação não decorra apenas de um natural sentimento
regionalista. O resultado indica um anseio legítimo pela partilha mais
igualitária dos recursos e maior desenvolvimento regional.
Espera-se que o Pará rejeite, no
plebiscito de 11 de dezembro, a divisão do Estado. Todavia seria um erro
ignorar o alerta da pesquisa Datafolha. Belém precisa direcionar investimentos
e levar a presença do Estado a essas regiões, sob o risco de ver emergir mais
uma vez esses movimentos separatistas.
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Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Já foi professor de jornalismo na USP e, hoje, ministra aulas na pós-graduação da...
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