Na FOLHA DE S. PAULO, o colega LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS esclarece como entender os números do PIB.
Usualmente o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga em dezembro uma reavaliação do PIB do ano anterior. Com informações mais precisas sobre a atividade econômica, ele pode melhorar a qualidade dos números divulgados um ano antes. E essa revisão dos números de 2008 mostra que o tamanho de nossa economia era -antes do colapso do banco Lehman Brothers- maior do que o divulgado anteriormente. Mas o valor monetário da atividade econômica no período julho a setembro deste ano -e estimado agora pelo IBGE- não foi menor do que esperavam os analistas.
Ou seja, a parcela do PIB que cabe a cada brasileiro -respeitada a matriz de distribuição de renda- não foi inferior ao previsto, como pode ter transparecido no noticiário.
Apenas sua taxa de variação foi afetada em razão da revisão - para cima - do PIB em 2008. E, como a vida do cidadão depende do valor monetário do PIB- e não da sua variação entre um ano e outro-, nada de importante mudou realmente. A recuperação continua sólida, embora, no ano-calendário de
Os novos dados do IBGE nos permitem uma análise mais detalhada do comportamento da economia em 2008 e na primeira metade deste ano. Em primeiro lugar, fica ainda mais claro que foi o comportamento do consumidor brasileiro que permitiu ao Brasil passar de maneira diferenciada pela crise financeira mundial. No terceiro trimestre de 2008, momento em que ocorreu o agravamento da crise, o consumo no Brasil crescia a uma taxa média na casa dos 7% ao ano. No quarto trimestre, houve queda de 1% ante o terceiro, mas, ainda assim, alta de 4% diante do mesmo período de 2007.
A recuperação aconteceu rapidamente a partir do inicio de 2009, com crescimento médio do consumo em torno de 6,5% ao ano entre janeiro e setembro. Se incorporarmos à nossa análise os dados do comércio para o mês de outubro deste ano, podemos inferir que vamos entrar em 2010 com um aumento do consumo das famílias próximo a 7% ao ano.
Do lado dos investimentos, a variação na taxa de crescimento anual entre o período anterior à crise e os três trimestres seguintes foi brutal.
De um crescimento anual próximo a 20% ao ano, passamos a uma queda de 15% no inicio de 2009. Mas já há forte retomada. Para
A aceleração da economia é claríssima. A criação de 246 mil empregos formais em novembro, ritmo bem superior ao pico anterior à crise, mostra que os riscos já são de aquecimento excessivo. Na ata do Copom divulgada ontem, o Banco Central ainda não deu sinais claros de que elevará os juros, mas muito em breve será obrigado a endurecer o discurso. Se não o fizer, a autoridade monetária correrá o risco de desancorar as expectativas de inflação e complicar ainda mais o duro trabalho que tem pela frente.